O Evangelho – O primeiro filho foi convidado pelo pai a trabalhar “na vinha”. A sua primeira resposta foi negativa: “não quero”. No entanto, acabou por reconsiderar e por ir trabalhar na vinha. O segundo filho, diante do mesmo convite, respondeu: “vou, sim, senhor”. No entanto, acabou por não ir trabalhar na vinha. Jesus coloca, em seguida uma questão: “qual dos dois fez a vontade do pai?”
Situação – O texto proposto situa-nos em Jerusalém, na segunda ou terça-feira da semana da Paixão. No sábado anterior (1º de abril do ano 30), Jesus entrou solenemente em Jerusalém (Mt 21,1-11); na segunda-feira, os judeus se reuniram para condenar Jesus (Lc 19,47s) e, na próxima sexta-feira (7 de abril), Jesus será preso, condenado e morto.
O texto – A parábola, exclusiva de Mateus, é dirigida aos chefes religiosos de Jerusalém, membros do Sinédrio, por ocasião da chegada de Jesus e seus discípulos, a esta cidade. O Sinédrio de Jerusalém, que funcionava como Suprema Corte do judaísmo, sob a presidência do Sumo Sacerdote, era formado pelos sacerdotes, escribas e anciãos, sendo estes, principalmente, latifundiários de prestígio.
O primeiro filho – O primeiro filho foi convidado pelo pai a trabalhar “na vinha”. A sua primeira resposta foi negativa: “não quero”. No contexto familiar da Palestina do tempo de Jesus, trata-se de uma resposta totalmente reprovável, particularmente porque uma atitude deste tipo ia contra todas as convenções sociais… Enchia um pai de vergonha e punha em causa a sua autoridade diante dos familiares, dos amigos, dos vizinhos. No entanto, este primeiro filho acabou por reconsiderar e por ir trabalhar na vinha.
O segundo filho – Diante do mesmo convite, o outro filho respondeu: “vou, sim, senhor”. Deu ao pai uma resposta satisfatória, que não punha em causa a sua autoridade e a sua “honra”. Ficou bem visto diante de todos e todos o consideraram um filho exemplar. No entanto, acabou por não ir trabalhar na vinha.
Questão – Em seguida, Jesus propõe a seguinte questão aos ouvintes: “qual dos dois fez a vontade do pai?” A resposta é tão óbvia que os próprios interlocutores de Jesus não têm qualquer dificuldade para responder: “o primeiro”.
Lógica de Deus – A parábola ensina que, na perspectiva de Deus, o importante não é quem se comportou bem e não escandalizou os outros; mas, de acordo com a lógica de Deus, o importante é cumprir, realmente, a vontade do pai. Na perspectiva de Deus, não bastam palavras bonitas ou declarações de boas intenções; mas é preciso uma resposta adequada e coerente aos desafios e às propostas do Pai (Deus).
Judeus – É certo que os fariseus, os sacerdotes, os anciãos do Povo disseram “sim” a Deus ao aceitar a Lei de Moisés… A sua atitude – como a do filho que disse “sim” e depois não foi trabalhar para a vinha – foi irrepreensível do ponto de vista das convenções sociais; mas, do ponto de vista do cumprimento da vontade de Deus, a sua atitude foi uma mentira, pois se recusaram a acolher o convite de João à conversão. Em contrapartida, aqueles que – do ponto de vista “politicamente correto” – disseram “não” (por exemplo, os cobradores de impostos e as prostitutas), cumpriram a vontade do Pai: acolheram o convite de João à conversão e acolheram a proposta do Reino que Jesus veio apresentar.
Resposta – Lida no contexto do ministério de Jesus, esta parábola dava uma resposta àqueles que O acusavam de acolher os pecadores e os marginais – isto é, aqueles que, de acordo com as “convenções”, disseram não a Deus. Jesus deixa claro que, na perspectiva de Deus, não interessam as convenções externas, mas a atitude interior. O que honra a Deus não é o que cumpre ritos externos e que dá “boa impressão” às massas, mas é o que cumpre a vontade de Deus.
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