O Evangelho – Um agricultor fez uma plantação de uvas e, em seguida, arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar. Quando chegou o tempo da colheita, o dono mandou alguns empregados a fim de receber a parte dele, mas os lavradores agarraram e mataram os empregados. Aí o dono mandou mais empregados do que da primeira vez e os lavradores fizeram a mesma coisa. Depois, ele mandou o seu próprio filho, que também foi morto. E Jesus perguntou: “E agora, quando o dono da plantação voltar, o que é que ele vai fazer com aqueles lavradores?”.
Situação – O texto proposto situa-nos em Jerusalém, na segunda ou terça-feira da semana da Paixão. No sábado anterior (1º de abril do ano 30), Jesus entrou solenemente em Jerusalém (Mt 21,1-11); na segunda-feira, os judeus se reuniram para condenar Jesus (Lc 19,47s) e, na próxima sexta-feira (7 de abril), Jesus será preso, condenado e morto.
Tensão – De hora para hora, cresce a tensão entre Jesus e os seus adversários. Os líderes judaicos pressionam Jesus, num esquema organizado para realizar um processo judicial. Adivinha-se, no horizonte próximo de Jesus, a prisão, o julgamento, a condenação à morte. Jesus está plenamente consciente do destino que lhe está reservado, mas enfrenta os dirigentes e condena implacavelmente a sua recusa em acolher o Reino.
Latifundiários – A história que nos vai ser narrada compreende-se melhor à luz da situação socioeconômica da Galileia do tempo de Jesus… A terra estava, quase sempre, nas mãos de grandes proprietários, que viviam nas cidades. Esses donos de terra utilizavam vários sistemas para a exploração de seus latifúndios; uma das formas preferidas consistia em arrendar pedaços de terra, em troca de uma parte considerável dos produtos recolhidos.
Arrendatários – Os que arrendavam as terras, geralmente, eram camponeses que tinham perdido as suas próprias terras, por causa dos altos impostos ou devido às más colheitas. Estes camponeses viviam numa situação difícil: depois de descontados os gastos com a exploração, os impostos pagos e a parte que pertencia ao latifundiário, mal ficavam com o indispensável para sustentar a sua família. Em anos que as colheitas eram ruins, este esquema significava a mais absoluta miséria… Este quadro provocava conflitos sociais frequentes e o aparecimento de revolta por parte dos camponeses, que lutavam contra os proprietários ou contra a carga excessiva de impostos. É neste cenário que Jesus vai colocar a parábola da leitura deste domingo.
A vinha – A vinha, na tradição profética de Israel, representa o povo. Deus é o proprietário da vinha (povo) que é entregue aos cuidados de agricultores arrendatários (uma alusão aos dirigentes religiosos de Jerusalém), aos quais cabia multiplicar os frutos da vinha (a justiça e o direito). Mas isso não aconteceu. Quando o Filho vem para colher estes frutos, não só não os encontra como será morto por estes dirigentes.
Questão – Jesus interpela diretamente os seus ouvintes: “quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?”.
Resposta – A comunidade cristã primitiva encontrou facilmente a resposta para esta questão. Na perspectiva dos primeiros catequistas cristãos, a resposta de Deus à recusa de Israel foi dada em dois movimentos. Em primeiro lugar, Deus ressuscitou o “filho” que os “vinhateiros” mataram, glorificou-o e constituiu-o “pedra angular” de uma nova construção; em segundo lugar, Deus decidiu retirar a “vinha” das mãos desses “vinhateiros” maus e ingratos e confiá-la a outros “vinhateiros” – a um povo que fizesse a “vinha” produzir bons frutos e que entregasse ao “senhor” os frutos a que ele tem direito.
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