O Evangelho das missas deste domingo
(Lc 2,41-52) descreve a viagem da Sagrada Família a Jerusalém por ocasião da
Páscoa. Terminadas as festividades,
Jesus permanece no Templo com os Doutores da Lei. Vamos detalhar este episódio.
Tradição da
Páscoa
– Por ocasião da Páscoa, a principal festa do povo de Deus, milhares de peregrinos
acorriam para a capital, Jerusalém. No
ano em que Jesus completava 12 anos, Ele, com José e Maria, foram fazer a
peregrinação anual ao templo de Jerusalém.
A Sagrada Família partiu de Nazaré, onde moravam, e subiram até
Jerusalém, numa viagem de 150 km, percorridos em 3 ou 4 dias. Por segurança, os
romeiros viajavam em grandes caravanas, junto com os parentes. Supõe-se que os peregrinos de Nazaré
acampavam num jardim chamado Getsêmani, no pé do Monte das Oliveiras.
A época – Era o ano
6 de nossa era. O rei Arquelau (filho de
Herodes) já havia sido deposto, sendo a Judéia governada pelo procurador romano
Coponius. Nesta época, Jesus, com 12
anos, já era considerado adulto, com maturidade religiosa no judaísmo (Filho da
Lei ou Bar-mizwah), membro do povo de Israel, passando a fazer leituras nas
sinagogas. Falava o aramaico (no
dia-a-dia) e o hebraico (idioma culto e religioso da época). Algumas perícopes dos Evangelhos dão a
entender que Jesus soubesse a língua grega.
No fim da
festa
– Terminada a Páscoa, os romeiros se reuniam, formando as caravanas e voltavam
para casa. Os homens formavam um grupo
separado das mulheres. Os filhos podiam
ir com o pai, ou com a mãe, ou com os parentes.
Conforme a tradição, o local de encontro das caravanas era em El-Birê,
16 km ao norte de Jerusalém, de onde as caravanas partiam cada uma para sua
cidade.
Jesus fica
em Jerusalém
– José imaginava que Jesus estivesse com Maria e esta, por sua vez, pensava que
o menino estivesse na caravana dos homens.
Perceberam que Ele não estava na caravana no fim do primeiro dia de
viagem. Já estavam a cerca de 15 km de
Jerusalém. Voltaram para lá e depois de três
dias de buscas, encontraram Jesus no Templo.
Jesus no
Templo
– José e Maria encontraram Jesus no meio dos mestres, ouvindo-os e
interrogando-os. Os mestres da lei eram
profundos conhecedores da Lei Judaica (os cinco primeiros livros da Bíblia:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), que ensinavam nos átrios do
templo, como Jesus o faria em sua vida pública.
O ensinamento dos mestres era em forma de diálogo.
Diálogo com
os mestres
– Pela descrição do Evangelho de Lucas, parece que estava ocorrendo uma aula,
com todos os mestres e Jesus sentados em círculo, como era a tradição. A admiração dos mestres estava em Jesus não
saber os trechos da Sagrada Escritura (Antigo Testamento) de maneira decorada,
como era normal, mas discutia com conhecimento.
“Meu filho,
por que agiste assim conosco?” – Maria deve ter dito esta frase mais em tom
de alívio do que de repreensão. Depois
de tão profunda aflição e tão grande susto, Maria, mãe amorosa que era, deve
ter sentido uma grande alegria e alívio ao reencontrar Jesus.
“Não sabíeis
que eu devo estar na casa do meu Pai?” – A tradução ao pé da letra (do
grego) desta frase de Jesus é: “ ... que eu devia estar ocupado com os negócios
de meu Pai?”. É a primeira palavra de
Jesus citada nos Evangelhos; notar que, como na última frase de Jesus, ele se
refere ao Pai.
Jesus
crescia em idade, em sabedoria e em graça diante de Deus – Jesus se
preparava para sua missão. Vinte anos
depois (ano 27 d.C.), iniciava sua vida pública, fazendo com que ele superasse
os laços familiares. Deixou sua cidade
de origem (Nazaré) e elegeu a cidade de Carfanaum como centro de seu apostolado. A casa de Pedro (em Carfanaum) se tornaria o
novo ponto de referência e os 12 apóstolos a sua nova família.
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