sábado, 1 de dezembro de 2012

“Na plenitude dos tempos Deus enviou seu Filho...” (Gl 4,4)

          Dentro do Ano Litúrgico, estamos no tempo do Advento (vinda, chegada), que é o período de quatro semanas que antecedem o Natal, no qual a Igreja Católica faz a preparação espiritual para a celebração do nascimento de Cristo.  Esta coluna também dedicará as próximas semanas para a festa do Natal. 

O Advento chegou! – Começamos a partir de agora, com maior intensidade, a nos prepararmos para o nascimento de Jesus, o Filho de Deus, Aquele que na plenitude dos tempos nos foi enviado pelo Pai para a nossa salvação. 

Tempo de preparação – “Plenitude dos tempos” é uma expressão que surgiu a partir do uso do relógio de água ou de areia: um cilindro cheio de água ou de areia deixava pingar regularmente, por um pequeno orifício, o seu conteúdo dentro de outro cilindro vazio. Quando este ficava cheio, dizia-se que o tempo estava preenchido ou que a plenitude do tempo havia chegado. São Paulo lança mão da mesma expressão para designar o tempo preparado pela Providência Divina para a vinda do Salvador do mundo. A expressão, contudo, não quer significar que havia chegado o tempo em que a humanidade estava a tal ponto aperfeiçoada e em ótimas condições éticas para receber o Messias. Muito pelo contrário.  

Cenário – As cartas Paulinas e o próprio Evangelho, em diversas passagens, demonstram como era triste o cenário pelo qual passava a humanidade: o mundo greco-romano estava voltado à idolatria, entregue a todo tipo de perversão moral (Veja Rm 1, 23-27); o povo judeu, por outro lado, não era idólatra, mas se engrandecia frente aos pagãos, julgando-se “condutor de cegos”, quando ele mesmo estava sujeito a graves faltas (cf. Rom 2, 17-24). Além disso, dividia-se em vários partidos: fariseus, saduceus, herodianos, zelotes, sicários... Enfim, a humanidade encontrava-se em baixo nível moral e filosófico, presa a erros doutrinários, ecleticismo, ceticismo e vícios morais. 

Salvação – E foi exatamente tal época que o Senhor Deus quis escolher para enviar seu Filho ao mundo: não para ser o “verniz” de uma humanidade bem estruturada e satisfeita consigo mesma, mas para preencher o vazio dos homens, cansados de procurar uma resposta para os seus anseios. Jesus Cristo veio para responder aos anseios mais profundos do ser humano, desejoso de Verdade, Amor, Felicidade, Vida. 

Tempo de reflexão – Dezembro nos faz reviver a celebração do Natal e esse tempo de espera deve nos impulsionar a procurar o significado mais profundo de todo aquele aparato visível que cerca a celebração do nascimento do Menino Jesus: os presentes, a árvore, o presépio... 

Celebração do Amor – Celebrar o Natal é muito mais do que folclore: é um evento fundamental da história da humanidade, no qual celebramos o Amor que primeiro nos amou (1Jo 4, 19) e que nos criou para fazer-nos companheiros da Sua vida bem-aventurada. No Natal, celebramos o mesmo Amor que, recriando-nos pelo mistério da Encarnação, santificou a nossa existência cotidiana fazendo da morte a passagem para a VIDA.  

Mensagem – Talvez seja muito difícil ou quase impossível para nós, hoje, avaliarmos todo o alcance da mensagem trazida por Jesus. Talvez até, depois de vinte séculos, ela possa ter ficado empalidecida... Contudo, o tempo do Advento é o momento oportuno para tomar nova consciência do seu imenso valor, que ultrapassa qualquer expectativa humana, por mais ousada que seja. 

Renascimento na fé – Advento é tempo de preparação para renascer espiritualmente no Natal, recomeçando com mais maturidade a nossa vida na fé e aproveitando mais uma preciosa oportunidade oferecida pela graça de Deus. Advento é tempo de refletir que somos caminheiros, chamados por Alguém (que não falha) para a Vida e, Vida plena.  

Maria – Seja Maria Santíssima nosso modelo de esperança, de serviço, de entrega total a Deus: “Faça-se em mim, segundo a Vossa Vontade”. Sejamos como uma semente que vai desabrochando aos poucos, até atingir a sua grande estatura. Aproveitemos o tempo de preparação, pois o Senhor vem!

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