Na região da Galiléia, na margem norte do lago de Tiberíades, a 4
km do rio Jordão, havia um pequeno povoado chamado Cafarnaum, que significa “Cidade
da Consolação”. Apesar de sua grande antiguidade (pois existia desde mil e
quinhentos anos a.C.) e de sua posição comercial estratégica, nunca chegou a
adquirir nenhuma notoriedade. Não é citado no Antigo testamento.
Hóspede – Repentinamente, este
povoado se tornou célebre. Foi a partir do dia em que Jesus resolveu abandonar
a sua cidade natal, Nazaré (situada a 34 km a sudoeste), e instalar-se em
Cafarnaum (Mt 4,13). Simão, o pescador, lhe emprestou a sua casa e, desde então,
a vila se tornou o centro de suas atividades. Ao radicar Jesus, a vila passou a
ser a capital do anúncio evangélico, passando a ser conhecida como “Cidade de
Jesus” (Mt 9,1). Jesus viveu ali durante o tempo de sua pregação, entre os anos
27 e 30.
Ruas – Cafarnaum tinha uns 300
metros de leste a oeste e uns 200 metros de norte a sul, com uma população
estimada entre 800 e 900 pessoas. Tinha uma planta harmoniosa e ordenada, com
dois tipos de ruas: as localizadas de norte a sul, chamadas de “cardos” e as de
leste a oeste, chamadas de “decumanos”. A avenida principal era chamada de
“cardo máximo”. Nos quarteirões que se formavam, havia os conjuntos de casas.
Impostos – A cidade era cortada por
uma importante rota de comércio internacional, a “Rota do Sol” que ligava o
Egito à Damasco. Todos os comerciantes que passavam por ali deviam pagar um
pedágio. Isso explica a razão de existir em Cafarnaum uma aduana, com um
funcionário encarregado de cobrar os impostos. Um dia, Jesus passou ao lado
dessa aduana e viu o cobrador sentado em seu banco recebendo os impostos.
Chamava-se Mateus. Jesus olhou para ele e disse uma só palavra: “Segue-me”. E
ele que, seguramente, já O conhecia, sabia de sua fama e já havia escutado sua
pregação ao povo, deixou a aduana e os impostos para segui-lO (Mt 9,9).
Centurião – Cafarnaum pertencia à
região da Galiléia, portanto, sob o governo de Herodes Antipas, mas estava a 4
km do rio Jordão, fronteira para a região da Ituréia, governada por Herodes
Filipe. Por ser uma cidade-fronteira, era comum o trânsito de militares de
ambas as regiões. Uma vez, um centurião de um destacamento romano solicitou a
Jesus a cura de um criado que estava enfermo na aldeia. Jesus, em louvor à fé
do militar, e à distância, realizou o milagre da cura (Lc 7,1-10).
Pedro – A casa de Simão Pedro
estava situada em um dos quarteirões, nas imediações do lago. Como todas as
casas da cidade, era uma habitação coletiva: as habitações, construídas em
pedra, se agrupavam ao redor de um único pátio, para várias famílias. As diversas
habitações não tinham porta, permanecendo sempre abertas para o pátio. Uma
única porta comunicava a rua ao pátio. Ali se amassava e assava o pão, em
fornos coletivos; as mulheres moíam o trigo e os artesãos faziam seus trabalhos
manuais.
Sinagoga
– Perto
da casa de Pedro havia uma sinagoga, tantas vezes visitada por Jesus. Tinha 22
m de largura por 16 m de comprimento. Sabemos, pelo Evangelho de São Lucas, que
foi construída por um centurião romano, cujo criado foi curado por. O Evangelho
diz que, quando o militar enviou um grupo de judeus para implorar seu milagre,
estes lhe disseram: “Ele merece este favor, porque ama o nosso povo. Ele até
construiu uma sinagoga para nós.” (Lc 7,5).
Milagres
– Esta
sinagoga viu, por muitas vezes, Jesus pregar para o povo. A primeira vez,
quando estava ensinando, curou uma mulher possuída por um espírito imundo (Mc
1,21-28). Outra vez, Jesus curou um homem com a mão direita paralisada (Lc
6,6-11). Acima de tudo, esta sinagoga escutou um dos discursos mais importantes
e dramáticos de Jesus: o Pão da Vida. Ali, disse ao seu auditório que era
necessário comer sua carne e beber o seu sangue para ter vida eterna (Jo 6, 22-59).
Cafarnaum
– Jesus
deixou Cafarnaum para fazer sua última viagem para Jerusalém. Porém, antes de
partir, fez um balanço de suas atividades na Galiléia. Viu que poucas pessoas
haviam aderido de coração a sua “Boa Notícia”. Por isso, no dia em que se
despediu, emitiu uma de suas queixas mais amargas, reservando para a sua
querida Cafarnaum suas maiores atenções: “E tu, Cafarnaum! Acaso serás elevada
até o céu? Até o inferno serás rebaixada! Pois se os milagres realizados no
meio de ti se tivessem produzido em Sodoma, ela existiria até hoje! Eu, porém,
te digo: no dia do juízo, Sodoma terá uma sentença menos dura do que tu!”.
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