sábado, 2 de fevereiro de 2013

A casa de Jesus


Na última semana, descrevemos a cidade onde Jesus morou, durante a sua pregação. Por ter morado na cidade de Cafarnaum, entre o final do ano 27 e abril do ano 30 d.C., esta cidade ficou conhecida como “A cidade de Jesus”. Lembramos que Jesus nasceu na cidade de Belém, na Judéia (no ano 7 a.C.), foi criado em Nazaré (por isso foi chamado de Jesus de Nazaré ou Nazareno e, no ano 27 d.C., com 33 anos de idade, foi morar em Cafarnaum, que se tornou a sede de sua pregação. Jesus morreu crucificado na sexta-feira, 7 de abril do ano 30 (com 36 anos), e ressuscitou no domingo, 9 de abril. 

Pesquisas – Na década de 1970, foram feitas escavações nas ruínas da cidade de Cafarnaum. A primeira constatação foi que a cidade era muito pobre, as paredes das casas eram construídas com grossas pedras de basalto negro, sem polir, postas umas sobre as outras, sem argamassa. Os pisos das casas eram de terra ou estavam cobertos com pequenas pedras lisas. 

Surpresa – Entre todos aqueles ambientes escavados, apareceu uma estranha habitação. Tinha o dobro do tamanho das outras casas e algo incomum: o piso era feito com cal, bem acabado, em várias camadas, o que mostrava que fora refeito várias vezes, pelo desgaste. As paredes tinham revestimento interno de argamassa e os pedaços de reboco, que estavam caídos no piso, tinham desenhos geométricos e pinturas florais. O que mais chamou a atenção foram 175 fragmentos das paredes com inscrições (em grego, sírio e aramaico) com as palavras “Senhor”, “Cristo”, “Deus”, “Amém” e “Pedro”. 

Pergunta – O que havia de particular naquela casa de Cafarnaum? Era a única com piso pavimentado e paredes decoradas. Os arqueólogos concluíram que se tratava da casa humilde de um pescador (Pedro), que a havia emprestado para Jesus viver, enquanto se encontrava na cidade. As inscrições nas paredes eram de visitantes cristãos que visitaram Cafarnaum nos primeiros séculos do cristianismo, fazendo da casa local de veneração. 

Pedro – A casa de Simão Pedro estava situada em um dos quarteirões, nas imediações do lago. Em Cafarnaum não existiam casas individuais, mas habitações de famílias ou coletivas: as habitações, construídas em pedra, agrupavam-se ao redor de um único pátio, para várias famílias. As diversas habitações não tinham porta, permanecendo sempre abertas para o pátio. Uma única porta comunicava a rua ao pátio. Ali se amassava e assava o pão, em fornos coletivos; as mulheres moíam o trigo e os artesãos faziam seus trabalhos manuais. 

A casa – O pátio da casa de Pedro tinha aproximadamente 84 m2, totalizando sete habitações. Conforme Marcos (1, 29), na casa moravam Simão (Pedro) e seu irmão André. Devemos considerar que todos tinham mulheres e filhos, além da sogra de Pedro, que podia ter marido e outros membros da família. A primeira vez que Jesus entrou na casa foi para curar a sogra de Pedro, que estava enferma, e os apóstolos “falaram-lhe a respeito dela”. Isso mostra que Jesus não teve a possibilidade de vê-la, pois se encontrava em outra habitação. 

Impostos – Nesta casa, aconteceu o episódio contado em Mateus 17, 24-27: os cobradores de impostos, ao verem Pedro entrar com Jesus na casa, chamaram o apóstolo, dizendo: “O seu Mestre não paga os impostos ao Templo”. Pedro contestou: “Claro que sim”. E entrou silencioso na casa para buscar o dinheiro. Jesus adiantou-se dizendo: “Simão, vai até o lago, lança o anzol e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali encontrarás uma moeda valendo duas vezes o imposto; pega-a e entrega a eles por mim e por ti”. Por que os cobradores se dirigiram a Pedro para cobrar o imposto? Certamente porque Jesus, como hóspede permanente de Pedro, já era considerado membro da família. 

Teto – Nas casas da cidade não havia cobertura, como nas casas atuais. Devido à raridade de chuvas na região da Galileia, os telhados das casas consistiam em travessões de madeira com um entrelaçado de ramos com folhas e se colocava em cima uma massa de terra e palha. Este sistema de telhado durava um ano e deveria ser reparado antes da estação das chuvas. Para esta manutenção, existia na parte externa da casa uma escada fixa de pedra, que dava acesso ao telhado. Esta descrição permite entender melhor o relato da cura do paralítico, em Mc 2,1-22: os quatro amigos que carregavam o paralítico, ante a impossibilidade de passar pela porta da casa, subiram pela escada externa, removeram a massa de terra e os ramos e abaixaram a maca com o paralítico até Jesus, que estava dentro da casa. 

Recompensa – No final da pregação de Jesus, Pedro pôde ouvir a sua recompensa: “... por ter deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim, dentro de pouco tempo receberás cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras”. E concluiu: “E, no futuro, a vida eterna” (Mc 10, 28-31).

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