sábado, 8 de junho de 2013

COMPAIXÃO


O Evangelho das missas deste domingo (Lc 7,11-17) apresenta a ressurreição do filho de uma viúva. No relato, o evangelista Lucas inspira-se no episódio do filho de uma viúva, em Sarepta (primeira leitura, 1Rs 17,8-24). 

Viagem – Jesus vai para Naim, pequeno vilarejo entre Cafarnaum e a Samaria. É acompanhado de seus discípulos e grande multidão. Às portas da cidade, Jesus e seus discípulos se encontram com outro grupo: “... levavam um morto para enterrar, um filho único, cuja mãe era viúva. Uma grande multidão da cidade a acompanhava”. O paralelo é evidente: os dois grupos caminham em direções opostas; o primeiro segue um homem poderoso em gestos e palavras, o segundo grupo, um morto. 

Compaixão – Até este ponto a descrição da cena e dos personagens é puramente objetiva. De repente somos surpreendidos por uma focalização interna, a menção da compaixão de Jesus: “Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: ‘Não chores!’”. A iniciativa de Jesus é provocada pela sua compaixão. A palavra de Jesus permite entrar no coração das pessoas. É por Jesus que somos informados do sofrimento da mulher: “Não chores”, e da idade do morto: um “jovem”. Não é da morte que Jesus tem compaixão, nem do morto, mas da pessoa que sofre. A ênfase de todo o episódio é posto em Jesus, sobre sua compaixão e sua palavra poderosa. 

Consolação – Nesta passagem não é a morte nem o morto que importam, nem mesmo o retorno à vida, mas que uma mãe já viúva tenha perdido o seu filho único. O retorno à vida não é o objetivo da iniciativa de Jesus, mas a consolação da mãe que chora. A ação de Jesus termina com uma observação: “E Jesus o entregou à sua mãe”. O texto apresenta uma transformação que se dá não somente pelo retorno de um jovem à vida, mas das duas multidões que, primeiramente separadas, são reunidas, num segundo momento, no louvor a Deus. A passagem de Jesus por Naim possibilita um duplo reconhecimento, a saber: da identidade de Jesus (Profeta) e da visita salvífica de Deus. 

João Batista – O milagre relatado neste texto, assim como o dos versículos anteriores, responde à pergunta de João de Baptista a Jesus: “és Tu que hás de vir ou devemos esperar outro?” Jesus oferece a salvação (Lc 7,1-10) e mostra o verdadeiro triunfo da vida (Lc 7,11-17). O mais importante não é o relato em si, mas o sentido que nos transmite. 

Reino – Antes de mais, temos aqui uma revelação de Deus. Diante da atitude de piedade e compaixão de Jesus, neste milagre de ressurreição vemos a exclamação do povo: “Deus visitou o seu povo”. Jesus é “um grande profeta”, não apenas porque transmite a Palavra de Deus e anuncia o reino com palavras, mas, sobretudo porque veio realizar o reino pela ressurreição, oferecendo a sua vida. 

Sinal – Percebemos ainda todo o carácter de sinal, presente no milagre. A ressurreição do filho da viúva testemunha Jesus-que-há-de-vir, cuja vida triunfa plenamente sobre a morte. Significa que, para nós, hoje como então, Deus Se encontra onde há o sentido da piedade, do amor vivificante. Significa ainda que, seguindo Jesus, só podemos também suscitar vida, ter piedade dos que sofrem, oferecer a nossa ajuda, ter uma atitude de oblação. 

Escolha – Das duas, uma: ou fazemos da nossa vida um cortejo de morte, dos sem esperança, que acompanham o cadáver, em atitude de choro, de luto, de desespero; ou fazemos do nosso peregrinar um caminho de esperança, de ressurreição, de transformação do choro e da morte em sentido de vida. Podemos escolher, é certo. Mas se somos seguidores de Cristo e nos deixamos visitar por este grande profeta, não temos alternativa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário