sexta-feira, 24 de maio de 2013

Jesus era casado?


A pergunta pode parecer imprudente, desrespeitosa ou até ofensiva. O livro e filme “O Código da Vinci” colocou o assunto em discussão. O livro vendeu mais de 80 milhões de cópias (é o 10º mais vendido do mundo) e o filme foi visto por mais de 5 milhões de pessoas só no Brasil. Em recente pesquisa realizada nos Estados Unidos, 30% dos entrevistados disseram que acreditavam que Jesus era casado com Maria Madalena.
 

Qual é a história? – Contam as antigas lendas, que Jesus era casado com Maria Madalena e que, nos anos seguintes à crucificação, alguns de seus discípulos e pessoas próximas fugiram da Judéia em um barco e chegaram à costa sul da Gália, atual França. Na embarcação usada para a fuga pelo mar Mediterrâneo estavam os irmãos Lázaro, Maria e Marta, juntamente com a mãe dos apóstolos João e Tiago (chamada Maria Salomé), acompanhados ainda por Maria de Cleófas, a tia de Jesus, e do discípulo Maximinio. Junto com eles, estava uma jovem chamada Sara, identificada como filha de Jesus Cristo e Maria Madalena.
 

Judeus – Na sociedade judia do 1º século, o celibato era mal visto e tratado com vergonhoso. Seguindo Gen 1, 28 (“sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra”), os rabinos ensinavam que nenhum homem decente deveria deixar de cumprir este mandamento. O rabino Eliezer bem Hircano qualificava de assassino o homem que não tinha filhos. O Talmud ensinava que um homem sem uma mulher era apenas meio homem. Por outro lado, sabemos que muitos judeus que viveram na época de Jesus não se casaram (por exemplo, os essênios). Os profetas Jeremias (Jr 16,1-4), Eliseu (1Re 19,19-20) e João Batista (Mc 6,29) não se casaram. Com estes exemplos, não é estranho pensar que Jesus também tenha permanecido solteiro.
 

Argumento – O Novo Testamento nada diz sobre o estado civil de Jesus. Dan Brown, o autor de “O Código da Vinci”, para fundamentar o seu livro, recorre a dois livros apócrifos: o “Evangelho de Maria Madalena” e ao “Evangelho de Filipe”. É claro que o uso desses textos facilita o convencimento dos leitores, pois poucas pessoas conhecem estes apócrifos.
 

O Evangelho de Maria Madalena – Trata-se de um livro escrito no século II e descoberto no Egito, em 1896. Em um trecho, Pedro e os discípulos dizem para Maria Madalena: “Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conte-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e que nós não conhecemos”. Em seguida, Madalena conta uma parábola (realmente desconhecida). Ao terminar, Pedro reclama: “Será que Jesus realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco, e agora teremos que recorrer a ela e escutá-la? Ele a preferiu a nós?”. Então Levi responde: “Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós”.
 

O que dizer? – Pela época em que o texto foi escrito, o seu autor não foi Maria Madalena nem qualquer seguidor de Jesus. Notamos também que, em nenhuma parte, o texto afirma que Maria Madalena era esposa de Jesus. Apenas diz que o amor que Jesus sentia por ela o levou a fazer revelações especiais.
 

O Evangelho de Filipe – A segunda prova usada por Dan Brown é um texto escrito no segundo século e descoberto em Nag Hammadi, em 1945. O texto não permite uma tradução clara, pois está apagado: “A companheira de ... (Jesus) é Maria Madalena. Cristo a amava mais do que todos os discípulos e costumava beijá-la frequentemente na ... . Os demais ... (discípulos) disseram: ‘Por que a amas mais do que a todos nós?’ O Salvador respondeu dizendo: ‘Por que não os amo como a ela? Quando um cego e uma pessoa normal estão juntos na escuridão, não são diferentes um do outro. Quando chega a luz, então, aquele que vê verá a luz, e o cego permanecerá na escuridão’”.
 

O que dizer? – Parece uma prova irrefutável do casamento de Jesus. Mas não é. O termo ‘companheira’ não significa esposa; segundo estudiosos, a palavra que falta na frase “beija-la frequentemente na ...” é “fronte”. Porém, mesmo que a palavra fosse “boca”, a expressão significaria ‘transmitir um conhecimento especial ou secreto’. Portanto, este texto não comprova o casamento de Jesus.
 

Concluindo – Todos os judeus do tempo de Jesus se casavam antes de completarem 20 anos. Com Jesus não foi assim porque sabia a sua missão de anunciar o Reino de Deus. Aos seus seguidores, exigiu que abandonassem tudo, inclusive os laços familiares, para segui-lo (Mc 10,29-30). E deu o exemplo. Assim se deduz de sua frase que não tinha nem “uma pedra onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58). Havia sido um mestre muito coerente e praticou o que ensinou.
 

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