Segundo a Bíblia, Deus formou Adão, o primeiro homem, com o
barro do chão. De sua costela fez Eva, sua mulher. E logo os colocou em meio a
um paraíso fantástico. Ambos viviam nus sem se envergonharem e Deus, pelas
tardes, costumava visitá-los e conversar com eles (Gênesis 2).
Ciência – Esta história, que nos
entusiasmava quando éramos crianças, nos coloca em sérias dificuldades agora
que somos adultos. A Ciência moderna (Teoria da evolução das espécies e Teoria
do Big-Bang) demonstrou que todo o universo vem se transformando. O
homem não foi formado nem do barro nem de uma costela (e no princípio, não
havia apenas um casal). O homem foi evoluindo a partir de seres inferiores (há
3 milhões de anos), desde o Australopitecus, passando pelo Homo erectus, o Homo habilis e o Homo sapiens, até chegar ao homem atual.
Pergunta: Por que a Bíblia relata desta maneira
a criação do homem e da mulher? Simplesmente porque se trata de uma parábola,
de um relato imaginário que pretende deixar um ensinamento às pessoas.
Catequese – O primeiro detalhe que chama a
atenção é que o texto afirma que o homem foi criado do barro. Diz o Gênesis que
no princípio, quando a terra era ainda um imenso deserto, “o Senhor Deus formou
o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem
foi feito alma vivente” (2,7).
Oleiro – A imagem de um Deus oleiro, de joelhos
no chão amassando barro com suas mãos e soprando nas narinas de um boneco, pode
nos parecer um pouco estranha. Entretanto, na mentalidade daquela época era uma
homenagem para Deus. De todas as profissões conhecidas na sociedade de então, a
mais digna, a mais grandiosa e perfeita era a de oleiro. Impressionava ver esse
homem que, com um pouco de argila sem valor, era capaz de moldar e de criar com
grande maestria preciosos objetos: baixelas, copos refinados e lindos
utensílios.
A maior criação
– O autor do livro do
Gênesis, sem pretender ensinar cientificamente como foi a origem do homem,
posto que não o sabia, quis indicar algo mais profundo: que todo homem, quem
quer que fosse, é uma obra direta e especialíssima de Deus. Não é mais um
animal da criação, mas um ser superior, misterioso, sagrado e imensamente
grande porque Deus em pessoa teve o trabalho de fazê-lo.
Uma falha? Porém, de repente, o relato se
detém. Algo parece haver saído mal. O próprio Deus pressente que não é muito
bom o que fez: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2,18). Ele não tem ninguém
com quem se relacionar. Ante esta circunstância, Deus busca corrigir a falha
mediante uma nova intervenção. E da costela de Adão, forma uma mulher: “Esta é
agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne: esta será chamada mulher,
porque foi tomada do homem.” (Gn 2,21-23).
Três ensinamentos
deste relato – O primeiro: que a
solidão do homem não é boa. Que não foi criado como um ser autônomo e autossuficiente,
mas sim necessitado dos demais, de outras pessoas que o complementem em sua
vida. O segundo ensinamento é que os animais não estão no mesmo nível do homem;
que não têm sua mesma natureza; e, portanto, não estava bem que ele se
relacionasse com os animais como fazia com as pessoas. O terceiro ensinamento
pretende explicar que está bem para o homem deixar seu pai e sua mãe, para se
unir a uma mulher. É o primeiro canto da Bíblia ao amor conjugal.
Sono – Outro detalhe fascinante é o
profundo sono que Deus fez cair sobre Adão antes de criar a mulher. Criar é o
segredo de Deus. Só Deus o conhece e só Ele sabe fazer. O homem não pode
presenciar o ato da criação de Deus. Por isso dorme quando Deus cria. Ao
acordar, não sabe nada do que passou. A mulher recém-criada também não, pois
quando se dá conta de que existe, já foi formada.
Origem – A Bíblia não ensina como foi a
origem real do homem e da mulher porque o escritor sagrado não sabia. Porém,
como vimos, também não interessa contar “como” apareceu o homem sobre a terra,
mas “de onde” apareceu. E sua resposta é: das mãos de Deus. O “como” os
cientistas devem explicar. O “de onde” o responderá a Bíblia. E algo mais
profundo: que todo homem, quem quer que seja, é uma obra direta e
especialíssima de Deus.
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