Com
o evangelho de hoje estamos, certamente, diante de uma das páginas mais belas
do evangelho. Aquela mulher samaritana, ao redor do poço de Jacó, nasceu para a
fé em Jesus Cristo, como nós na fonte batismal fomos gerados para a vida de fé,
a fim de vivermos como um povo consagrado ao Senhor.
Fidelidade de Deus – O trecho do livro do
Êxodo nos recorda um momento da longa travessia do povo de Deus pelo deserto,
ao longo de quarenta anos. O povo que empreendeu a travessia pôde experimentar,
não obstante sua infidelidade e suas resistências, a fidelidade de Deus, sua
paciência, sua generosidade, seu cuidado, sua ternura. O povo murmura porque
não tem água.
Água no deserto – Nós, que ouvimos o
evangelho e renascemos nas águas do Batismo, sabemos que aquela água que
faltava ao povo e que lhe foi dada por Deus era a prefiguração da água dada por
Jesus Cristo, uma água que mata definitivamente a sede. Sem água a vida está
profundamente ameaçada. Não só a vida pessoal, mas a unidade do povo de Deus.
Moisés – Queriam apedrejar
Moisés. Diante da dificuldade, duvidaram de Deus, da sua promessa e da sua
fidelidade. Só põe em questão a fidelidade e a lealdade de Deus quem não é
capaz de ser fiel e leal. É preciso, sustentados pelo cuidado de Deus que nos
acompanha na travessia da história, lutarmos contra o medo, o desespero, a
murmuração.
Meio-dia – Era meio-dia quando
do encontro de Jesus com a samaritana, ao redor do poço de Jacó, lugar de
tantos encontros que transformaram a vida das pessoas. Foi lá que Jacó se
apaixonou por Raquel. A observação da hora parece querer fazer o leitor
compreender que, diante de Jesus, estamos em plena luz do dia. Aquele que é a
“luz do mundo” ilumina também a Samaria, desprezada pelos outros judeus.
Discípula – O diálogo entre
Jesus e aquela mulher é catequético, cuja finalidade é despertar a fé, o desejo
da água que ela não podia recolher de nenhum poço; água que é dada somente pelo
único Senhor da vida. Dando ouvidos a Jesus, ela poderá exprimir o desejo pela
água que faz viver. O cântaro da purificação é superado pela água do Espírito
Santo derramado no coração dela, lei interna da caridade. Iluminada e saciada,
ela se torna discípula, testemunha de Jesus Cristo. Essa mesma água nos foi
dada por ocasião do nosso Batismo.
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