No
Evangelho das missas deste domingo (Mt 9,36-10,8), Mateus apresenta o nome dos
doze Apóstolos que seguiram Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.
São eles: Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e
João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho
de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O
entregou.
Problemas –
Esta lista de Mateus coincide com a de Marcos. O problema aparece ao compará-la
com as outras duas (de Lucas e Atos), porque nestas aparecem um apóstolo novo:
um tal Judas, filho de Tiago (Lc 6, 16, At 1, 13). Quem é este Judas? Como
nestas duas listas não há Tadeu, a solução que se encontrou foi que este Judas
(de Lucas e Atos) fosse a mesma pessoa que Tadeu (de Mateus e Marcos). E o
chamam Judas Tadeu. Mas, essa identificação carece de fundamento bíblico.
Mais problemas – Se
prosseguirmos lendo os Evangelhos, veremos que Marcos narra a vocação de outro
apóstolo, chamado Levi, cobrador de impostos. Por que ele tampouco aparece na
lista dos doze? Aqui a tradição solucionou o problema do mesmo modo,
identificando Levi com Mateus. Isto não é possível, porque Marcos apresenta
Levi e Mateus como pessoas claramente distintas: compare a lista dos nomes em Mc
3,18 e outra no relato de sua vocação (Mc 2, 13-14).
Existe
o 13º Apóstolo? – O capítulo 1 do Evangelho de João descreve a
convocação dos primeiros apóstolos. A
partir do versículo 43, Jesus chama Filipe para ser apóstolo e Felipe convida
Natanael. Ele, porém, não aparece nas listas de apóstolos de Jesus, nem em
nenhum episódio da vida pública de Jesus, apesar de ter reconhecido Jesus como
o Filho de Deus e Rei de Israel. Volta a ser citado em João 21,1 apenas quando
Jesus aparece ressuscitado à beira do mar de Tiberíades.
Natanael
– Chamado de Natanael de Caná, por ser natural de
Caná da Galiléia, cidade próxima cerca de 6 km de Nazaré, aldeia de Jesus, esse
discípulo parece ser um estudioso das escrituras. Em Jo 1,48, Jesus diz que havia visto
Natanael sob a figueira, numa referência à vida
consagrada ao estudo das Escrituras (a expressão é bem conhecida na literatura
rabínica, na qual a figueira é comparada à árvore da ciência do bem e do mal).
O
convite de Filipe – Filipe foi convidado por Jesus para
segui-lo. Filipe vai até Natanael e fala com
convicção sobre o encontro com o Messias. Natanael ouve atentamente, porém, ao
falar, demonstra algum preconceito: “De Nazaré (...) será que pode sair alguma
coisa boa?”
Na
sua mente, de Jerusalém ou de Belém, a cidade de Davi, poderia vir o Messias,
mas de Nazaré...? Parecia ser impossível a Natanael. Felipe, então, o convida a
provar por si próprio: “Vem e vê!”. (Veja Jo 1, 46)
Natanael e Jesus – Ao encontrar-se com Cristo, Natanael ouve uma saudação elogiosa que o desconcerta: “Aqui está um verdadeiro israelita, em quem não há nada falso”. Jesus então afirma que o viu assentado sob uma figueira, antes de Felipe o convidar. Natanael, ao ouvi-Lo crê e vê em Jesus a pessoa do Filho de Deus, o Rei de Israel. Jesus afirma que Natanael veria “coisas maiores que esta...”, até mesmo “... o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 47s).
Natanael
era apóstolo? – A leitura dos versículos de Jo 1,43s deixa uma
clara impressão que Natanael tenha sido convidado para integrar o grupo dos
doze. Os Evangelhos citam que apenas
seis foram convidados pessoalmente por Jesus: Simão Pedro e seu irmão André (Mt
4,18), Tiago e seu irmão João (Mt 4,21), Mateus (Mt 9,9) e Filipe (Jo 1, 43).
Natanael não aparece nas listas dos doze apóstolos, mas certamente foi seguidor
de Jesus, presenciando a aparição de Jesus ressuscitado e a pesca milagrosa no
mar de Tiberíades (confira em Jo 21,1).
Natanael e
Bartolomeu –
Desde o princípio da Idade Média, alguns historiadores afirmavam que Natanael
poderia ser a mesma pessoa que Bartolomeu (para manter a tradição de doze
apóstolos), mas não existe qualquer prova sobre isso. Pesquisas mais recentes mostram que não
existe qualquer fundamento em reconhecer Natanael como o apóstolo Bartolomeu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário