Neste sábado, 24 de junho, comemoramos
o nascimento de João Batista. Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia é o
confronto entre João Batista (o precursor de Cristo) e Herodes Antipas, o filho
de Herodes Magno (aquele que aparece no nascimento; recebe os magos e manda
assassinar as crianças de Belém). Vamos
detalhar os fatos, usando os textos do Evangelho de Marcos (Mc 6, 17s) e as
citações do historiador Flávio Josefo, no livro Antiguidades Judaicas (XVIII,
5, 2).
Herodes Antipas – Foi o filho caçula de Herodes (o Grande) e da samaritana
Maltace, uma das dez esposas de seu pai; nasceu por volta do ano 20 a.C. Com a
morte de seu pai (4 a.C.), tornou-se tetrarca da Galileia e Pereia (rei de uma
das quatro partes do reino) (conforme Lc 3,1).
Frequentou as melhores escolas de seu tempo, alternando o estudo com os
divertimentos e a ociosidade de Roma. Casou-se com a filha de Aretas IV, o rei
do perigoso povo nabateu (da vizinha Arábia).
Tinha total confiança e simpatia do Imperador Tibério, a ponto de ser
transformado em um espião, junto aos magistrados romanos no Oriente.
O escândalo – Por volta do ano 27 d.C., em uma de suas viagens a
Roma, como informante do imperador, Herodes Antipas hospedou-se na casa de seu
irmão por parte de pai, Herodes Filipe (veja Mc 6,17). Este levava uma vida discreta em Roma e havia
se casado com sua sobrinha, Herodíades.
A ocasião foi favorável tanto para a ambiciosa Herodíades (que não se
conformava com aquela vida obscura), como para o leviano Antipas, que se
apaixonou por ela.
A infidelidade – Os dois juraram-se fidelidade. A pedido de Herodíades, o tetrarca prometeu
repudiar a esposa assim que retornasse à Galileia; Herodíades prometeu-lhe
abandonar o marido, Filipe, e acompanhá-lo para a Galileia. A legítima esposa de Antipas, sabendo dos
projetos do marido, preferiu não sofrer a humilhação do repúdio, retirando-se
para a casa dos pais. Os nabateus, vendo
a filha do rei Aretas IV humilhada, invadiram as terras de Antipas, fazendo com
que este perdesse toda a estima do imperador.
A união ilegítima – Com o caminho livre, Herodíades viajou para a
Galileia, levando a sua filha, a bela jovem Salomé, e passou a viver com
Herodes Antipas.
A denúncia de João Batista – Todo o povo comentava o escândalo do
tetrarca, que violara as leis nacionais e religiosas ao contrair aquelas
segundas núpcias, que a Lei de Moisés condenava severamente (Lev 20,21). Todos falavam, indignados, dessa união, mas
secretamente, temiam represálias. Só o
profeta do deserto, respeitado pelo povo e por Antipas (Mc 6,20), João Batista,
ousou afrontar o tetrarca, denunciando a união ilegítima com Herodíades (Mc
6,18). Temendo uma revolta popular,
Antipas mandou prender João Batista na solitária e majestosa fortaleza de
Maqueronte. Herodíades queria silenciar para sempre, com a morte, o austero
denunciante.
O Martírio – No dia do aniversário de Herodes, foi oferecido um
banquete aos grandes da corte. Salomé (filha
de Herodíades) dançou e agradou a todos.
O rei, encantado, disse à moça: “Pede o que quiseres e eu te darei,
ainda que seja a metade de meu reino”.
Em dúvida, a moça perguntou a sua mãe: “O que hei de pedir?”. Ela respondeu: “A cabeça de João Batista”. Salomé pediu ao rei: ”Quero que me dês num
prato a cabeça de João Batista”.
Antipas, mesmo contrariado, mandou degolar João, no cárcere, e entregou
a sua cabeça num prato para Salomé (veja Mc 6,21-28).
Lenda – Uma antiga lenda conta que Herodíades ao ter nas mãos a
cabeça de João, não pôde conter a satisfação e, com um alfinete de ouro,
atravessou a língua que a havia censurado.
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