Nos Evangelhos das missas dos dois últimos domingos, o tema
principal foi a discussão entre Jesus e os judeus sobre o sábado judaico.
Trigo – No dia 3/6 Jesus estava passando pelas plantações de
trigo e os discípulos começaram a abrir caminho, arrancando espigas. Os
fariseus disseram então a Jesus: “Olha! Por que eles fazem no dia de sábado o
que não é permitido?” (Mc 2, 23-28).
Expulsando
demônios – No domingo passado
(10/6), Jesus voltou para a casa de Pedro (num sábado) e os escribas, vindos de
Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebu e expulsava os demônios
pelo poder do chefe dos demônios (Mc 3, 20-25).
Outros episódios
– Na passagem em que
Jesus foi jantar na casa de Simão (o leproso), em Betânia (num sábado), também
vieram fariseus de Jerusalém acusá-lo de comer com pecadores (MT 26, 1-16). Ainda
existe a passagem de Jesus na casa do publicano Mateus (apóstolo), em que é
acusado de comer com pecadores (Mt 9, 9-17).
Uma questão – Essas passagens levam a uma dúvida: como os judeus
conseguiam andar longas distâncias no sábado, se não era permitido? As
rigorosas normas judaicas permitiam que se caminhasse apenas dois mil côvados (côvado
= 52,5 cm), ou seja, pouco mais de um quilômetro. Como os judeus de Jerusalém
conseguiram chegar à Betânia, no sábado, se a distância era de 15 estádios
(quase 3 quilômetros)?
ERUB – Os judeus, para amenizar o rigor desta norma do sábado
(caminhar até um quilômetro) inventaram o Erub (ou Eruv). Se uma pessoa, por
exemplo, colocava na sexta-feira (vigília do sábado) alimentos para duas
refeições dentro do limite de um quilômetro, o local dos alimentos era
considerado como “residência temporária”, podendo então caminhar outro
quilômetro em qualquer direção.
Viagem – Portanto, usando o subterfúgio do Erub para se
deslocarem nos três quilômetros entre Jerusalém e Betânia, no sábado, os judeus
poderiam ter colocado um ou dois ‘Erubs’ no caminho, andando em várias etapas
de até um quilômetro.
Na Lei – É interessante notar que os críticos de Jesus, de
burlar a lei sabática, utilizavam um recurso para caminhar até ele que, embora
legal, burlava a própria lei, uma vez que a intenção de caminhar até o Mestre
para criticá-lo estava longe de ser uma caminhada por estrita necessidade ou
urgência pessoal, familiar ou comunitária.
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