sábado, 2 de junho de 2018

Jesus e o Sábado



 O texto do Evangelho das missas deste domingo (Mc 2, 23-3,6) é composto por dois episódios que colocam Jesus em confronto com a instituição do sábado judaico: os discípulos colhendo espigas para comer e a cura de um homem com uma mão atrofiada.

Sábado – Os judeus cumpriam o que foi determinado no Livro do Êxodo: o Senhor pediu aos filhos de Israel que observassem o sábado. Disse-lhes: “Durante seis dias, farás o teu trabalho, mas o sétimo dia é um sábado, um dia de santo repouso para o Senhor teu Deus” (Ex 20,9). Ele advertiu-os: “descansarás tu, o teu servo, a tua serva, os teus bois e o teu jumento” (Ex 23,12). Desta forma, todas as atividades do sábado eram voltadas a Deus, não como uma prova, uma escolha entre a vida e a morte, entre
a justiça e o pecado, como os outros preceitos pelos quais o homem poderia viver ou morrer;  foi dado ao povo tendo em vista o repouso – não só dos homens, mas também dos animais

Culto judeu – Respeitando a ordem de Deus, o culto judeu acontecia todos os sábados, na sinagoga. Começava com o canto de um salmo, seguida da Profissão de Fé Judaica (Shema Israel = ouça Israel) e da prece das dezoito Bênçãos. Em seguida aconteciam duas leituras: a primeira, de um dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento e, uma segunda, de um dos livros dos Profetas. Em seguida, havia uma homilia sobre as leituras, a benção do presidente da assembléia e a benção sacerdotal (Nm 6,24-27). A primeira leitura era prescrita, a segunda à escolha do leitor. Qualquer judeu adulto podia tomar a palavra, mas as autoridades da sinagoga normalmente confiavam esta incumbência aos que eram considerados versados nas escrituras.

Aquele Culto – O Evangelho de Lucas (Lc 4, 14s) fala a respeito da participação de Jesus nesse culto semanal, fazendo a segunda leitura, escolhida do livro do profeta Isaías (61,1-2 e Is 58,6). Naquele sábado, Jesus faz, portanto, uma atualização da profecia de Isaías, apresentando-se como o profeta que Deus, afirmando: “Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir”.

Domingo cristão – Para os judeus, o sábado era a celebração do dia da criação terminada, o sétimo e último dia; era a festa e o repouso do homem criado à imagem de Deus e constituído seu colaborador pelas suas obras. Era o coroamento dos dias úteis que se encerravam pelo repouso, pelo louvor, pela ação de graças. O domingo, para os cristãos, é a celebração da ressurreição de Cristo; um novo tempo inaugurado, a celebração da nova criação, a dos filhos e não mais dos servos. Por isso o domingo já não é o sétimo dia, o dia do repouso do trabalho deste mundo, mas o primeiro, o início de uma nova semana, o princípio da vida eterna, que é a dos filhos de Deus, dos que vivem a vida eterna n'Aquele que, ressuscitado dos mortos, vive doravante “para Deus” (Rm 6,10).  Na medida em que os fiéis participam deste mistério, têm já em si a vida, a vida eterna, a vida filial e bem-aventurada; mas esta vida está escondida com Cristo em Deus e espera a manifestação dos filhos de Deus.

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