Na missa deste domingo será lido o livro do Êxodo que apresenta os Dez
Mandamentos. Vamos ver como surgiram:
Não foi bem assim – A Bíblia narra que Moisés recebeu os Dez
Mandamentos no Monte Sinai e depois os entregou ao povo numa solene cerimônia.
Mas, se os analisamos cuidadosamente, vemos que, na realidade, eles parecem não
corresponder à época de Moisés, época de peregrinação pelo deserto e de vida
nômade.
Fora
de época – Que sentido tem, por exemplo, proibir de desejar a “casa” do próximo,
quando eles, como peregrinos, ainda não habitavam em casas, mas sim em tendas?
Somente na Terra Prometida é que edificaram casas. O mandamento de não levantar
falso testemunho supõe que já existissem tribunais, juízes e processos legais,
coisa impossível durante a travessia do deserto. E quando se ordena descansar
no sábado, se declara: “não trabalharás nem tu, nem teu escravo, nem tua
escrava”; mas, como poderiam ter escravos, se todos eles eram escravos
recém-saídos do Egito?
Posterior
–
Isso fez os biblistas pensarem que os dez mandamentos pertenceriam mais
apropriadamente a uma época posterior à de Moisés, quando o povo já estava
instalado em Canaã, organizado com normas morais e jurídicas adequadas a uma época
mais moderna. Foi provavelmente elaborada na época dos juízes, cerca de 1100
a.C., cento e cinquenta anos depois da morte de Moisés. Com o tempo, essa lista
assumiu tanta importância entre os hebreus que começaram a atribuí-la a Moisés.
Dez ou doze? – A Bíblia ensina claramente que os mandamentos são dez (Dt 4,13; 10,4),
mas quando os contamos, aparecem doze: 1. Não terás outros deuses além de mim
(Êx 20,3); 2. Não farás para ti ídolos, nem figura alguma (v. 4); 3. Não te
prostrarás diante deles, nem lhes prestarás culto (v. 5); 4. Não pronunciarás o
nome de Deus em vão (v. 7); 5. Lembra-te de santificar o dia do sábado (v. 8); 6.
Honra teu pai e tua mãe (v. 12); 7. Não matarás (v. 13); 8. Não cometerás
adultério (v. 14); 9. Não furtarás (v. 15); 10. Não levantarás falso testemunho
contra o próximo (v. 16); 11. Não cobiçarás a casa de teu próximo (v. 17a); 12.
Não cobiçarás a mulher de teu próximo (v.17b).
Catecismo – A partir do século XVI, quando começaram a ser divulgados os catecismos
populares, viu-se a necessidade de fazer as pessoas memorizarem os dez
mandamentos como exame de consciência para a confissão e como incentivo para a
vida espiritual. A Igreja, pois, resolveu elaborar um novo Decálogo para o
catecismo, melhorando-o com aquilo que Cristo tinha superado do Antigo
Testamento, da mesma forma que tinham sido supressos da vida cristã os
sacrifícios de animais do Antigo
Nova
lista – Na nova lista suprimiu-se do primeiro mandamento o “não terás outros
deuses...” e foi formulado de modo mais positivo e mais perfeito: “Amar a Deus
sobre todas as coisas”. O segundo, o das imagens, foi eliminado, pois seu
significado era o mesmo que o do anterior: não cair no culto de coisas que
substituem a Deus. Seu lugar foi ocupado pelo mandamento que seguia, o de não
tomar o nome de Deus em vão. Do terceiro, santificar um dia da semana em
memória do Senhor, só foi modificado o dia. Em vez do sábado impôs-se o
domingo, por causa da ressurreição de Cristo. O sexto proibia o adultério, ou
seja, tomar uma mulher casada. Mas não estava proibido unir-se a qualquer mulher
solteira. A Igreja o converteu em proibição mais profunda e exigente de “não fornicar”,
ou seja, proibiu a relação com qualquer mulher que não fosse sua própria
esposa. O sétimo, “não roubarás”, que na linguagem bíblica referia-se ao
seqüestro de uma pessoa, converteu-se no mais genérico de “não furtar”, que
incluía todo tipo de propriedade. O oitavo aludia exclusivamente a não levantar
falso testemunho nos julgamentos. Por isso se lhe acrescentou “nem mentir”,
para adaptá-lo a qualquer outra circunstância da vida. Finalmente, o décimo,
que ordenava não desejar a mulher nem aos demais pertences do próximo, foi
desdobrado em dois: o nono, referido em primeiro lugar e somente à mulher e o
décimo sobre os demais bens do homem.
QUER
SABER MAIS? – Se você gostou do assunto e quer saber mais, podemos lhe oferecer um
texto “Os doze Mandamentos” (10 páginas) escrito pelo teólogo “Ariel Álvarez
Valdés”. Solicite pelo E-mail.
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