Na segunda leitura da missa deste
domingo continuaremos a ler a Carta aos Hebreus. Nesta Carta, o tema mais
enfatizado é a proclamação de Jesus como sacerdote, pois este reconhecimento
era essencial para proclamar Jesus como o Messias, o Cristo ungido de Deus.
Messias
–
Nos primeiros séculos, uma das dificuldades do cristianismo era provar aos
judeus que Jesus era o Messias, o Cristo esperado pelos judeus. Conforme o
Antigo Testamento, este personagem deveria ter três características prometidas
por Deus para o final dos tempos: um profeta, um rei e um sacerdote. Para Jesus
ser o Messias, ele deveria ter as três qualidades.
Profeta, rei, sacerdote – A vinda de um profeta no final dos
tempos foi comunicada por Deus a Moisés no livro do Deuteronômio (18,18): “Suscitarei
um profeta como tu entre teus irmãos”. A promessa de um rei está no 2º
Livro de Samuel (7,12), onde Deus diz a Davi: “Quando tu morreres eu
mandarei um descendente teu e manterei o seu trono para sempre”.
Finalmente, a promessa de um futuro sacerdote santo foi para Eli: “Mandarei
um sacerdote fiel, que atue segundo a minha vontade” (1Sam 2, 35).
Jesus: Profeta
e Rei –
Cristo foi reconhecido como “profeta” (Mc 9,8), como “grande
profeta” (Lc 7,16) e como “o profeta” (Jo 6,14). Também
foi reconhecido como “rei” (Mt 21,9), como “o rei que vem em
nome do Senhor” (Lc 19,38), como “o rei de Israel” (Jo
12,13). O próprio Pedro reconhece Jesus
como o profeta prometido (Hb 3,22) e como rei esperado (Hb 2,36).
Jesus Sacerdote –
Porém
jamais, em nenhuma ocasião, Jesus foi reconhecido como sacerdote. Isto por uma
clara razão: para ser sacerdote ele deveria pertencer a tribo de Levi, e Jesus
pertencia à tribo de Judá. Portanto, para os judeus, Jesus era um leigo.
Explicando melhor: Quando
os Hebreus chegaram à Terra Prometida, se dividiram em 12 tribos. Só poderiam
ser sacerdotes os descendentes da tribo de Levi (chamados levitas). Jesus
pertencia à tribo de Judá, portanto nunca poderia ser aceito como sacerdote.
Solução – Por volta
do ano 80 d.C. apareceu na cidade de Roma um personagem de grande cultura e
grande conhecimento da língua grega. Este autor, que para nós permanece
anônimo, escreveu a Carta aos Hebreus, esclarecendo que Jesus poderia ser
sacerdote. Na Carta ele desenvolve o seguinte raciocínio: interpretando o Salmo
110 (vers. 4), em que Deus diz “tu és sacerdote
para sempre, segundo a Ordem de Melquisedec”, ele afirma que Deus criou uma nova ordem de sacerdotes, distinta da
ordem dos levitas. Jesus Cristo desceu dos céus para ser o sumo sacerdote desta
nova ordem.
Quem era? – Melquisedec é
proclamado como “rei de Salém” e “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14). Foi ao
encontro de Abrão, abençoou-o, entregando-lhe pão e vinho. Trata-se de um
personagem estranho, pois o texto não indica as suas origens nem a sua ordem
sacerdotal.
Nova ordem – Portanto Cristo é o primeiro sacerdote,
protagonista e iniciador de uma nova ordem de sacerdotes. Pela interpretação do
Salmo (110, 4) e da Carta aos Hebreus a Igreja Católica proclama Jesus como “sacerdote
para sempre, segundo a Ordem de Melquisedec”.
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