O texto do Evangelho das missas deste domingo (Mc 10,2-16)
acontece durante a última viagem de Jesus a Jerusalém. Estamos em fevereiro do
ano 30. Em pouco mais de um mês, Jesus será preso, condenado e crucificado. Alguns
fariseus, tentando obter uma prova para condenar Jesus, perguntam: “Um homem
pode mandar a sua esposa embora?”
Fariseus – Neste trecho do Evangelho de Marcos, os
fariseus se encontram com Jesus e tentam colocá-lo à prova com a pergunta: “Pode um homem repudiar a sua mulher?”
(Mc 10, 2). Cabe lembrar que Jesus e seus discípulos estavam em território da
Peréia (transjordânico), governado por Herodes Antipas. Foi nessa mesma região
que João Batista foi preso e degolado, por denunciar o divórcio ilegal e o
casamento ilícito de Herodes Antipas com sua cunhada Herodiades. Os fariseus
instigavam Jesus a ter a mesma atitude de João, pensando que com isso Ele teria
o mesmo destino. O que os fariseus queriam era que Jesus se tornasse
intolerável política e religiosamente.
Judaísmo – No judaísmo, duas correntes de opiniões se contrapunham:
para uma delas (escola de Hillel, mais liberal), era lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo (até se “o
feijão queimasse”), e a decisão do
marido era soberana, conforme o seu julgamento ou vontade; para a outra (escola
de Shammai, mais conservadora), ao contrário, era preciso um motivo grave, previsto pela Lei.
Resposta – Os fariseus submeteram esta questão a Jesus, esperando
que adotasse uma postura a favor de uma ou outra tese. Mas, receberam uma
resposta que não esperavam: “Foi por causa da dureza do coração de vocês que
Moisés escreveu esse mandamento. Mas,
desde o início da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem
deixará seu pai e sua mãe, e os dois serão uma só carne. Portanto, eles já não
são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não deve separar”.
Moisés – A lei de Moisés sobre o repúdio é vista por Cristo
como algo não desejado, mas tolerado por Deus por causa da dureza de coração e da
imaturidade humana. Jesus não critica Moisés pela concessão feita; reconhece
que, nesta matéria, o legislador humano não pode deixar de levar em conta a
realidade. Mas, volta a propor a todos o ideal originário da união indissolúvel
entre o homem e a mulher (uma só carne) que, ao menos para seus discípulos,
deverá ser a única forma possível de matrimônio.
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