Os Evangelhos relatam os
acontecimentos do nascimento de Jesus (ano 7 a.C.) e os 30 meses de sua pregação (entre os
anos 27 de 30). Existe uma lacuna de mais de 30 anos sem qualquer informação. Um único fato é citado por Lucas, que descreve
uma visita ao Templo, quando Jesus tinha 12 anos (Lc 2, 41s), e se perdeu em
Jerusalém durante a festa da Páscoa, sendo encontrado por Maria e José sentado
junto aos mestres do Templo. O que Jesus fez durante esses 30 anos? Por que os
Evangelhos guardam silêncio sobre esta etapa de sua vida?
Lendas –
Este inigmático silêncio sobre a juventude de Jesus fez muitas pessoas
inventarem histórias incríveis: alguns afirmam que esteve na Inglaterra
acompanhado de seu tio-avô, José de Arimatéia, onde aprendeu a religião dos
Celtas; outros sustentam que foi até a Índia, onde os grandes Budas lhe
ensinaram a ler, curar enfermos e realizar exorcismos; outros afirmam que
esteve no Egito, aprendendo os segredos dos Faraós, onde recebeu uma energia
misteriosa das pirâmides; existem até os mais ingênuos que pensam que Jesus
chegou até a América e conheceu a sabedoria oculta dos índios pele-vermelhas.
Em Nazaré – Se nos concentrarmos nos
Evangelhos, devemos concluir que Jesus não saiu de Nazaré durante todos estes
anos. Viveu ali, em seu círculo familiar, amadurecendo, como faziam outros
filhos de judeus de seu tempo. Isto é confirmado pelo Evangelho de Marcos,
quando relata a primeira vez que Jesus foi à sinagoga, causando admiração entre
os galileus: ”Não é ele o carpinteiro, filho de Maria?” A vida de Jesus deve
ter se transcorrido de maneira tão normal, que no dia em que se apresentou em
público com uma sabedoria fora do comum, as pessoas de Nazaré se surpreenderam.
Para aquelas pessoas ele era “o carpinteiro”, “o filho de Maria”.
O nome – Conforme a tradição judaica, no
oitavo dia do nascimento (Gen 17,12), os pais devem indicar o nome do filho.
José e Maria puseram o nome de Yehoshúa,
que em hebraico é o mesmo que Josué, que significa Deus
salva. Na Palestina, esse nome era pronunciado de forma abreviada como Yeshúa.
Pelo sotaque da Galiléia, onde vivia a Sagrada Família, o nome era abreviado
ainda mais para Yeshú. Por isso, os primeiros cristãos de origem grega
traduziram mais tarde como Jesus. O nome Jesus era um dos mais
comuns no primeiro século. Nos livros do escritor Flávio Josefo (primeiro
século) existe mais de 20 pessoas com o nome “Jesus”. O nome de Jesus foi
escolhido por indicação do anjo em Mt 1,21.
Sabia ler e escrever? – Existem três episódios que
mostram Jesus lendo ou escrevendo: na história da mulher adúltera, quando ele
escreve na areia (Jo 8,6); quando ele se apresenta na sinagoga de Nazaré e lê
um livro do profeta Isaías (Lc 4,17); o terceiro quando os judeus lhe dizem:
“Como sabe a escritura sem ter estudado?” (Jo 7,15).
Carpinteiro – Sabemos que todo pai de família
judeu procurava dar a seu filho uma profissão. “O que não ensina um ofício a
seu filho, lhe ensina a roubar” diziam os rabinos. Da mesma forma, os pais de
Jesus lhe ensinaram a profissão de carpinteiro, transcrito de forma clara por
Marcos (Mc 6,3): “Não é ele o carpinteiro?” Mesmo com esta indicação do
evangelista, existem muitos estudiosos que têm dúvidas sobre a profissão de
Jesus.
Vida oculta – A vida oculta de Jesus não teve
nada de extraordinário nem prodigioso como contam as lendas. Foi numa atmosfera
simples e familiar, própria dos povoados da Galiléia, onde Jesus cresceu,
amadureceu e descobriu a vida. Este foi o clima que Jesus respirou e assimilou
durante 30 anos.
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