Se você costuma participar das cerimônias da Semana Santa, especialmente nas procissões da Sexta-Feira, já terá visto o momento em que uma “Verônica” desenrola um véu com o rosto de Cristo. De acordo com a Tradição, Verônica foi uma mulher piedosa de Jerusalém que, comovida com o sofrimento de Jesus ao carregar a cruz até o Calvário, deu-lhe seu véu para que ele pudesse limpar o rosto. Jesus aceitou a oferta e, após utilizá-lo, devolveu-o à piedosa mulher. E então, a imagem de seu rosto estava milagrosamente impresso nele. Este véu é conhecido como "Véu de Verônica". Desde os primórdios do cristianismo a Igreja acolheu a Tradição sobre Santa Verônica, e o enxugamento da Sagrada Face de Jesus, realizado por ela, passou a ser a Sexta Estação da Via Sacra, que é rezada pelos cristãos há séculos.
Vera+icon
– O nome
"Verônica" em si é uma forma latinizada de Berenice, um nome
macedônio que significa "portador da vitória". A etimologia popular
atribui sua origem às palavras "verdade" (em latim: vera) e
"imagem" (em grego: eikon). Assim, o nome Verônica vem da combinação
das palavras vera+icon (verdadeira imagem).
História
– Não há referência à
história de Santa Verônica e seu véu nos Evangelhos canônicos. Ao que parece, a
história começou com o milagre de Jesus curando a mulher com sangramento, no
qual ela é curada ao tocar a barra do manto de Jesus (Mt 9,20-22 e Lc 8,43-48).
Em seguida, o livro apócrifo “Atos de Pilatos” identificou esta mulher como
Berenice ou Verônica. A história foi mais elaborada depois (em outro livro
apócrifo chamado “Cura de Tibério” ou “A Vingança do Salvador”), com a adição
da história de Cristo dando a ela um autorretrato, num tecido com o qual ela
posteriormente viajou para Roma e curou o imperador romano Tibério. Apenas no
ano de 1380 surgiu a história da aparição milagrosa da imagem durante a
crucificação.
Via
Sacra – A oração da Via
Sacra nasceu com o franciscanismo (São Francisco de Assis, 1182-1226), na Idade
Média. O objetivo era reconstruir a via dolorosa de Cristo, do pretório até o
Calvário. Nesta reconstrução, muitas histórias da Tradição (não existentes nos
Evangelhos) foram incorporadas à Via
Crucis, como as três quedas de Jesus e o encontro com Verônica. Em
Jerusalém existe inclusive uma capela que recorda este acontecimento.
O
véu – Existem muitas
histórias sobre o véu de Verônica. O pano esteve em Constantinopla, no ano de
574, sendo enviado secretamente à Roma. Documentos atestam que o Véu estava em
Roma no século XII, quando o Papa Inocêncio III (1198-1216) incentivou muito
seu culto e instituiu uma procissão anual da Via Crucis. O Véu permaneceu exposto durante muitos séculos na
Basílica de São Pedro e existem desenhos do altar onde ele ficava. Durante
muitos anos, o Vaticano fez cópias do Véu da Verônica, as quais foram enviadas
a igrejas ou a príncipes católicos. É por isso que em igrejas e museus de
diversas cidades europeias é possível encontrar algumas reproduções tidas como autênticas do “Véu da Verônica”.
Autêntica?
– Na cidade italiana de
Manoppello (190 km de Roma) existe um quadro medindo 17,5 x 24 cm, que abriga uma
imagem da face de Cristo desde 1638. Alguns estudiosos acreditam que esta
relíquia pode ser, sim, o véu de Santa Verônica, porque ele contém vários
mistérios. O primeiro deles é que o tecido é feito de bisso marítimo, um fio
finíssimo, como o de seda, gerado por um molusco abundante no mar mediterrâneo.
O tecido formado pela trama deste fio é muito resistente, transparente e não
pode ser pintado, isto é, nenhuma tinta adere a ele. Além disso, a Face de
Cristo de Manoppello pode ser sobreposta à Face do Santo Sudário de Turim, pois
tem proporções idênticas, refletem a mesma face, inclusive com os mesmos
hematomas e manchas de sangue.
Santa
Verônica – Na Igreja
Católica, Verônica é considerada uma santa, a patrona da França e a protetora
das lavadeiras. É comemorada na terça-feira antes da quarta-feira de Cinzas, o
mesmo dia da comemoração da Santa Face de Cristo.
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