A Palavra de Deus que a liturgia deste domingo nos propõe
convida-nos à vigilância: o verdadeiro discípulo não vive de braços cruzados,
numa existência de comodismo e resignação, mas está sempre atento e disponível
para acolher o Senhor, para escutar os seus apelos e para construir o “Reino”. O
Evangelho das missas deste domingo começa com uma referência ao “verdadeiro
tesouro” que os discípulos devem procurar e que não está nos bens deste mundo:
trata-se do “Reino” e dos seus valores. A questão fundamental é: como descobrir
e guardar esse “tesouro”? A resposta é dada em três “parábolas”, que apelam à
vigilância.
A primeira
parábola convida a ter os rins
cingidos e as lâmpadas acesas (o que parece aludir a Ex 12,11 e à noite da
primeira Páscoa, celebrada de pé e “com os rins cingidos”, antes da viagem para
a liberdade), como homens que esperam o senhor que volta da sua festa de
casamento. Os que creem são, assim, convidados a estarem preparados para
acolher a libertação que Jesus veio trazer e que os levará da terra da
escravidão para a terra da liberdade; e são também convidados a acolherem “o
noivo” (Jesus) que veio propor à “noiva” (a humanidade) a comunhão plena com
Deus (a “nova aliança”, representada na teologia judaica através da imagem do
casamento).
A segunda
parábola aponta para a
incerteza da hora em que o Senhor virá. A imagem do ladrão que chega a qualquer
hora, sem ser esperado, é uma imagem estranha para falar de Deus; mas é uma
imagem sugestiva para mostrar que o discípulo fiel é aquele que está sempre
preparado, a qualquer hora e em qualquer circunstância, para acolher o Senhor
que vem.
A terceira
parábola parece dirigir-se aos
responsáveis da comunidade, que devem permanecer fiéis às suas tarefas de
animação e de serviço: se algum deles descuida de suas responsabilidades no
serviço aos irmãos e usa as funções que lhe foram confiadas de forma negligente
ou em benefício próprio, será castigado. A última afirmação (“a quem muito foi
dado, muito será exigido, a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá – vers.
48b) é claramente dirigida aos responsáveis da comunidade; mas pode aplicar-se
a todos os que receberam dons materiais ou espirituais.
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