sábado, 15 de julho de 2000

Os católicos adoram imagens ? (Parte I)

Coluna "Ser Católico" – Jornal da Cidade – 15/07/2000


Com muita freqüência somos questionados por outras denominações cristãs do porquê das imagens em nossas Igrejas. Alegam elas que Deus proibiu de fazê-las e quem as tem, torna-se idólatra porque ‘cultua as imagens’.

Primeiro deve ficar bem claro que católico nenhum é idólatra apenas porque vê nas imagens uma forma de expressão religiosa e, segundo, todo cristão deveria conhecer melhor a Bíblia para entender porque Deus proibiu que se fabricasse outros deuses (veja bem, a Bíblia fala em outros deuses e não imagens ou esculturas de santos).

Para entender corretamente este assunto, é preciso esquecer o presente e dar um mergulho no passado; sair do nosso século, mergulhar uns 3.000 anos atrás e entrar em outra época, outra moda, outro estilo e concepção de vida. Aí então será mais fácil entender o motivo da proibição de fazer imagens, pois naquela época os povos antigos fabricavam deuses.

E como alguém poderia fabricar um deus? Não é difícil entender.

Hoje nós acreditamos num único Deus criador de todas as coisas e que nos foi revelado por Jesus Cristo, mas, antigamente, há uns 3.000 anos atrás, não era assim. As pessoas achavam que cada povo provinha de um deus. E como num mesmo país havia, às vezes, vários povos, existiam também tantos deuses quanto povos existissem. Como tinham deuses diferentes queriam representá-los através de imagens e, desse modo, esses povos antigos fabricavam seus deuses.

Hoje, para nós, é até engraçado lembrarmos que aqueles povos fabricavam imagens e as proclamavam deuses. É uma mentalidade tão absurda que dificilmente podemos entender que possa ter havido gente assim.

Mas houve, a própria Bíblia relata, um momento de fraqueza do povo do Antigo Testamento quando pediram para Aarão que fizesse um deus para eles. ‘Quando o povo notou que Moisés estava demorando para descer da montanha, reuniu-se em torno de Aarão, e lhe disse: ‘Vamos! Faça para nós um deus que caminhe à nossa frente..." (Ex 32, 1 ss). Foi assim que surgiu a história do bezerro de ouro que é bastante conhecida nossa.

Portanto, se naquela época havia essa mentalidade absurda, Deus tinha razão de proibir a feitura de imagens: "Eu sou Javé seu Deus, que fiz você sair da terra do Egito, da casa da escravidão. Não tenha outros deuses diante de mim. Não faça para você ídolos, nenhuma representação daquilo que existe no céu e na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra. Não se prostre diante desses deuses, nem sirva a eles, porque eu, Javé seu Deus, sou um Deus ciumento... (Ex 20, 2-5)

Mas é muito importante que fique bem claro que o erro não estava em fazer imagens ou estátuas, mas em reconhecê-las como sendo deuses.

(continua)

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