sábado, 29 de julho de 2000

Os católicos adoram imagens? (Parte III)

Coluna "Ser Católico" – Jornal da Cidade – 29/07/2000


Os católicos adoram imagens?

(Parte III)



Prosseguindo sobre a questão iniciada há duas semanas, veremos hoje que já os primeiros cristãos utilizavam-se de imagens rabiscadas na areia do chão para se identificar mutuamente. Nessas imagens não havia nem um pouco de idolatria, ao contrário, foi um sinal de esperteza dos primeiros cristãos.

Poderíamos nos perguntar o porquê deles fazerem isso, e a resposta é bem simples: os primeiros cristãos eram perseguidos porque acreditavam em Jesus Cristo e por causa disso viviam escondidos nas catacumbas (túmulos) para realizarem seus cultos. Foi nas catacumbas que se realizaram as primeiras missas. Com o tempo, esses cristãos se espalharam pelo mundo e a perseguição também, de tal sorte que eles não podiam se declarar cristãos nos lugares públicos, senão seriam presos e mortos. Acontece que o número de cristãos cresceu tanto que eles já não se conheciam entre si e, assim, ‘bolaram’ uma forma de se reconhecerem no dia-a-dia, através de uma imagem, no caso o peixe. Desta forma, a figura do peixe para os primeiros cristãos passou a representar Cristo e simbolizava a verdade fundamental da fé cristã.

Os primeiros cristãos falavam a língua grega, não o grego clássico, mas um grego bem popular (bem do povão), e "peixe" em grego, escreve-se assim: I C Q U S (Pronuncia-se: ixtís). Observe-se que a palavra peixe em grego é formada por 5 letras. Cada uma dessas letras corresponde a inicial de uma palavra em grego. Vejamos: Iesus (Jesus); Xristós (Cristo); Teú (de Deus); Ïïós (Filho); Sotér (Salvador)

Veja que as cinco primeiras letras de cada palavra formam a palavra peixe em grego. Portanto a figura do peixe para os primeiros cristãos representava uma verdade teológica (Jesus Cristo de Deus Filho Salvador).

Quando se encontrava a figura de um peixe, era sinal de que ali havia cristãos. O desenho era normalmente feito no chão ou riscado nas mesas. Quando um cristão encontrava-se com um desconhecido e não sabia se ele era cristão ou não, este fazia na areia ou na mesa a metade da figura de um peixe. Se o desconhecido completava a figura do peixe, já iniciada, o cristão que fez o primeiro risco já sabia que estava diante de outro cristão.

A 1º metade do peixe a 2º metade do peixe

A figura do peixe simbolizava Cristo, ou seja, Deus. Consequentemente, aquela imagem não era contra Deus, mas justamente a favor, portanto, uma promoção de Deus. Às vezes, por cima da figura do peixe, os cristãos colocavam a figura de um pão. Simbolizava a Eucaristia, na qual Cristo se encontra presente.

Além da figura do peixe, que identificava os primeiros cristãos, havia também entre eles esculturas.

Existe no museu nacional de Roma uma estátua de Cristo que era venerada desde o ano 350 de nossa era. A estátua mais famosa de Jesus está hoje no museu Lateranense, também na cidade de Roma: é a estátua do Bom Pastor. Jesus sempre foi visto pelos primeiros cristãos como o bom pastor (Jo 10,11) por isso há muitas estátuas feitas pelos primeiros cristãos que faziam com que eles recordassem dele como tal. Há também uma escultura do século V, em relevo, representando Jesus Cristo subindo ao céu. Este relevo está hoje na Alemanha, em Müenchen. Há também muitas catacumbas dos cristãos dos primeiros anos do cristianismo, ornadas com pinturas de Maria, Jesus Cristo e outros personagens bíblicos. Essas catacumbas existem até hoje com todas essas figuras.

Disso tudo pode-se concluir que os primeiros cristão não só fizeram uso das imagens, mas aprenderam com elas e fizeram delas instrumentos permanentes de evangelização e de proclamação da fé em Cristo.

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