Coluna "Ser Católico" – Jornal da Cidade – 01/07/2000
Apóstolo significa "enviado", "mensageiro". Nos evangelhos o termo é reservado aos doze discípulos escolhidos por Jesus (Mc 3,13-19; Lc 6,13-16), para agir em seu nome (Mt 10,5-8.40). Os apóstolos são escolhidos por Deus para pregar o Evangelho (Rm 1,1; 2Cor 5,20), são a base da Igreja (Ef 2,20; Ap 21,14) e constituem o novo Israel de Deus, recordando as doze tribos (Gn 35,23-26; At 7,8; Mt 19,28; Lc 22,30).
Duas são as condições para ser apóstolo: ter participado na vida pública de Jesus e ser testemunha da ressurreição (At 1,21s; 2,32; Mt 28,19; Jo 20,21). Por isso, contemporâneos de Paulo negavam-lhe a categoria de apóstolo, pois não pertencia aos Doze, nem havia compartilhado da vida pública do Senhor (1Cor 9,1-2; 15,3-9; 2Cor 11,5; 11,13; 12,11-13). Mas Paulo responde que também viu o Ressuscitado, dele recebeu o Evangelho e a investidura no apostolado. Por isso, ele se considera apóstolo de Cristo (1Cor 1,1; 2Cor 1,1; Gl 1,1; Ef 1,1) distinguindo-se dos apóstolos (enviados) das igrejas (Fl 2,25; 4,3; 2Cor 8,23; Rm 16,7), ainda que não pertença aos Doze e não seja testemunha da ressurreição (1Cor 12,28; 15,7-11; Gl 1,15s).
Pedro aparece como o primeiro dos apóstolos (Lc 6,14; 12,41; 8,45; 9,32-33. Ele é a "rocha" e o portador das chaves da casa de Deus (Mt 16,17-18; Jo 1,41-42); é a primeira testemunha da ressurreição (At 1,15-20).
Paulo nasceu de pais judeus, em Tarso da Cilícia, pelo ano 10 de nossa era. Deles herdou os direitos de cidadão romano e uma educação segundo os princípios severos do farisaísmo, aperfeiçoados mais tarde na escola de Gamaliel, em Jerusalém. Este o introduziu nos conhecimentos mais profundos da Bíblia e da Lei. Desde a infância teve também boa formação helênica, no grande centro cultural de Tarso, rival de Alexandria e de Atenas. Conhecia bem o hebraico e o grego e chegou a usar dois nomes, um de sabor judaico (Saulo) e outro de sabor romano (Paulo). Esta foi a sua preparação humana, "desde o seio materno", para a futura missão de apóstolo dos pagãos. Entretanto, a evolução natural o levou a ser um perseguidor da Igreja de Cristo (At 9,1s; 22,4; Gl 1,13). Considerava blasfemo e louco o culto de um Deus crucificado. A seu ver a religião cristã marcava o fim de um sonho messiânico de submeter todas as nações ao domínio da Lei mosaica. Somente o Cristo Glorioso, que lhe aparece no caminho de Damasco, foi capaz de convencê-lo da realidade de tudo o que os cristãos perseguidos acreditavam.
Paulo recebeu, assim, diretamente do Ressuscitado a doutrina e a missão de pregá-la aos pagãos. Por isso se considerava "apóstolo, não da parte de homens nem por intermédio de algum homem, mas por Jesus Cristo e Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos" (Gl 1,1).
Entre as epístolas paulinas distinguem-se as grandes epístolas, escritas durante a atividade missionária do apóstolo (Rm, 1-2Cor, Gl, 1-2Ts), as epístolas do cativeiro, escritas na prisão (Fl, Cl, Fm e Ef) e as cartas pastorais, referentes à disciplina comunitária (1-2Tm e Tt). A epístola aos Hebreus é hoje universalmente reconhecida como não-paulina. Pairam sérias dúvidas também quanto à autenticidade de 2Ts, Cl, Ef e das epístolas pastorais; mas isso não lhes diminui o valor como escritos inspirados.
Simão estava à beira do Lago da Galilea quando Jesus passou, olhou e disse: Desta hora em diante serás pescador de homens" (Lc 5,10). Vivendo ao lado de Jesus, vendo, ouvindo o que ele fazia e dizia, Pedro foi aprendendo sua missão: "Eu te digo que tu é Pedra e sobre esta pedra edificarei minha Igreja...", "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus." (Mt. 16-18).
Os evangelistas referem-se a Pedro em diversas circunstâncias como porta-voz dos apóstolos: após o discurso eucarístico na sinagoga de Carfanaum (Jo 6,68); quando Jesus perguntou aos discípulos quem julgavam que ele era (Mt 16,16); na predição de Jesus de seu sofrimento (Mt 26, 33); na tríplice negação de Pedro (Mt 26, 69-75); na missão do pastoreio (Jo 21, 15-19); na substituição de Judas por Matias (At 1, 15-26); em Pentecostes (AT 2, 14-36) e no Concílio dos Apóstolos (At 15, 7-11).
Pedro, após deixar Jerusalém, no ano 44, atuou como "apóstolo itinerante", fundando comunidades cristãs nas cidades onde existiam grandes comunidades judaicas, dirigia-as por algum tempo, depois designava outros dirigentes e seguia adiante. A mais antiga tradição comunitária de Roma considera Pedro o seu fundador.
Foi preso por ordem de Herodes em Jerusalém, mas foi libertado, por um anjo. Após perseguições, ficou preso durante uns 8 meses. Condenado à morte, como Jesus, foi açoitado e seria crucificado. Pediu para ser crucificado de cabeça para baixo porque se achava indigno de morrer como seu Mestre.
Pela tradição, no lugar do suplício de Pedro (ano 67) foi edificada a Basílica de São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos e o primeiro Papa.
No Brasil, São Pedro é o padroeiro dos pescadores.
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