Três Parábolas – As duas primeiras parábolas, a do tesouro encontrado no campo e a da perola de grande valor, revelam a supremacia absoluta do Reino dos Céus em relação a qualquer riqueza terrena. A descoberta do imenso valor do Reino, revelado por Jesus, gera tal alegria que a pessoa abre mão de tudo para aderir e participar deste Reino. A terceira parábola tem certa semelhança com a parábola do joio e do trigo. Contudo, o seu núcleo é o julgamento escatológico, no fim dos tempos, com a separação entre os maus e os justos.
Tesouro – O contexto histórico, do tesouro achado, é do Oriente Médio Antigo – palco de tantas invasões e guerras. Era prática comum enterrar os valores diante da ameaça de uma invasão ou guerra. Contudo, muitas vezes, o dono morria na violência e o tesouro ficava escondido por muito tempo, até ser achado por acaso. Usando este exemplo, Jesus ensina algo sobre o Reino e sobre a atitude do discípulo diante dele. O Reino de Deus é um valor tão incalculável, que uma pessoa sensata dá tudo para possui-lo.
Alegria – É importante notar: o texto enfatiza que, "cheio de alegria", ele vende todos os seus bens para poder possuir o valor maior, que é o Reino. A vivência dos valores do Reino, do seguimento de Jesus, deve ser uma alegria e não um peso. Sem dúvida é exigente, pois meias-medidas não servem (ele vende tudo o que tem), mas o resultado é uma alegria enorme. Não a alegria falsa, mas uma alegria que brota da profundeza do nosso ser, pois descobrimos a única coisa que não passa e que dá sentido a toda a nossa vida – o Reino de Deus.
Justiça de Deus – Mais uma vez, como na parábola do campo de trigo e joio, a última parábola ensina que o Reino, que subsiste na Igreja, congrega santos e pecadores (os bons e maus peixes). A separação final deve ser deixada para a justiça de Deus, enquanto, na vivência diária, devemos mostrar paciência e tolerância, mas sem indiferença ou comodismo.
O último versículo – "Assim, pois, todo o mestre da Lei que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas". Este versículo talvez indique que o autor do Evangelho de Mateus era um escriba ou doutor da Lei, convertido ao discipulado de Jesus. Ele está bem enraizado nas "coisas antigas" – ou seja, no Antigo Testamento, mas está aberto às coisas novas, ou seja, a nova interpretação da Lei, que Jesus trouxe. Assim, nos ensina algo valioso para o mundo de hoje, tão inconstante e sem raízes de um lado e com a tentação de fechamento no fundamentalismo e intolerância, do outro. Nem tudo que é antigo é ultrapassado e nem tudo que é novidade é bom. Igualmente, nem tudo que é antigo tem que ser preservado e nem toda a novidade deve ser rejeitada. É importante ter critérios, para que não percamos os valores, nem da sabedoria antiga, nem da busca de atualização para os dias de hoje.
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