sábado, 4 de agosto de 2012

Galileo Galilei

A história do Físico e Astrônomo condenado pela Igreja - Na época de Galileo, a Bíblia era interpretada literalmente, ou seja, entendia-se que as coisas haviam acontecido tal como era dito no texto bíblico. Por isso, quando Galileo lançou conceitos astronômicos que contrariavam os ensinamentos da Igreja, o Santo Ofício exigiu uma retratação ou faria valer a condenação à morte pela fogueira. 

Condenação – Na tarde do dia 22 de junho de 1633, entrava na sala de julgamentos do Convento de Santa Maria da Minerva, em Roma, um venerável ancião, de rosto grave, com barba e cabelos brancos. Estava quase cego e caminhava devagar. Estava acompanhado pelos empregados do Santo Ofício e acabava de entrar na sede da Inquisição Romana. Estava ali, perante os cardeais do Santo Tribunal para ouvir a sentença que o condenava à prisão domiciliar.  

Culpa? – Qual era o pecado cometido por aquele dedicado ancião? Haver escrito dois livros, considerados perigosos. Um, chamado “O mensageiro das estrelas” (em 1611), e outro, “Diálogo sobre os maiores sistemas do mundo” (em 1632), nos quais explicava que a Terra não era o centro do universo e que o Sol não girava em torno da Terra (como se acreditava até então), mas sim era a Terra que girava em torno do Sol e que este estava parado no centro do universo. 

Castigo – Quando o cardeal terminou a leitura do castigo imposto pelo Santo Ofício, obrigaram-no a ler em voz alta: “Eu, Galileo Galilei, filho de Vicente Galilei, Fiorentino, 70 anos de idade, ... diante os Sagrados Evangelhos que toco com minhas mãos, juro que sempre cri, creio agora e crerei no futuro o que ensina a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, ... por ter me convertido em altamente suspeito de heresia por ensinar a doutrina de que o Sol está imóvel no centro do mundo e que não é a Terra que está fixa no centro, ... com o coração sincero e autêntica fé abjuro, maldigo e renuncio a todos os erros e heresias mencionados e a qualquer outro erro contrário a Santa Igreja e juro não ensina-los oralmente nem por escrito”.  

Lenda – Conta uma lenda que, quando Galileo se retirava cansado e vencido daquela majestosa cerimônia, logo após ter jurado solenemente que a Terra não se movia, ao chegar à porta da sala, deu meia volta, olhou os assistentes e murmurou: “Mas, sem dúvida, se move”. Seja ou não verdade, o certo é que a frase atribuída ao cientista italiano se converteu no símbolo da resistência interior, na figura daqueles que, sob pressão, são obrigados a negar suas crenças, mas interiormente não podem renegar suas convicções.

Argumentos – Que argumentos usaram os cardeais do Santo Ofício para condenar Galileo? Os cardeais diziam que os ensinamentos de Galileo sobre o heliocentrismo (assim se chama a teoria de que o Sol está fixo no centro do universo e que a Terra gira) contradizem a Bíblia, mais diretamente o Livro de Josué 10, 1-15, onde é descrita a famosa batalha de Guibeon.

Batalha – Conta a Bíblia que, quando os israelitas entraram na Terra Prometida, guiados por Josué, empreenderam inúmeras batalhas contra os cananeus. Os habitantes de uma cidade chamada Guibeon, prevendo que seriam derrotados, propuseram uma aliança aos invasores. Josué aceitou a aliança (Jos 9, 3-18). Os cinco reis cananeus do sul reagiram contra o acordo com os hebreus e resolveram invadir e castigar a cidade. Os gabaonitas resolveram pedir ajuda a Josué, que acudiu. Instalou suas tropas nas montanhas próximas à cidade e, de madrugada, atacou de surpresa o exército dos cinco reis. 

Oração Poderosa – É aqui que acontece um fato que serviu para condenar Galileo. Após combaterem o dia todo, com a certeza da vitória de Israel, o sol começou a ocultar-se no oeste. Josué notou que, com o fim da luz do Sol, os inimigos sobreviventes poderiam esconder-se facilmente nas grutas e escapar. O que fazer? Josué, com os braços estendidos, orou a Yahvé para que o Sol se detivesse no céu e a lua não aparecesse no horizonte: “Detenha, oh sol, em Guibeon; e tu, lua, no vale de Ayyalón”. E o sol parou no meio do céu e passou um dia inteiro sem entardecer (Jos 10, 12-14). Deste modo o exército de Israel teve luz natural durante todo o tempo que durou a batalha e infligiu uma derrota total aos cinco reis. 

Santo Ofício – Para refutar os ensinamentos de Galileo, o Santo Ofício usou o argumento da Batalha de Guibeon: “Se o sol parou em Guibeon é porque se move”. Como pôde Galileo afirmar que o Sol está parado? Quem tem razão: a Palavra de Deus ou Galileo? Com as coisas colocadas dessa maneira, não havia nenhuma possibilidade de escapar de uma condenação sem a retratação...
  
Interpretação – Mas o que realmente aconteceu na Batalha de Guibeon? Bem ... Este é um assunto para a próxima semana.

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