sábado, 25 de agosto de 2012

Os milagres de Jesus


Nas próximas semanas, a liturgia da Igreja vai apresentar uma série de milagres realizados por Jesus.  Estes milagres foram, sem dúvida, um marco importante na vida do Mestre. Mas, em que consistiam esses milagres? 

Milagres diversos – Os evangelistas relatam os mais variados tipos de feitos sobrenaturais de Jesus. Alguns espetaculares, como a ressurreição de Lázaro, depois de morto por quatro dias. Outros mais curiosos, como fazer aparecer uma moeda na boca de um peixe ou implantar a orelha cortada de um soldado. Outros muito enigmáticos, como maldizer uma figueira porque não tinha fruto e a secá-la instantaneamente.  

Quantos foram – São 35 milagres realizados por Jesus, citados nos Evangelhos. Estes milagres podem ser divididos em três categorias: os milagres sobre as pessoas, milagres sobre a natureza e ressurreições. 

Pessoas – Os milagres sobre as pessoas são as curas que Jesus fazia nos enfermos. Totalizam 23 curas. Nesta categoria se enquadram a curas dos dez leprosos (Lc 17,11-19), a cura da sogra de Pedro (Mt 8,14), a cura da mulher encurvada (Lc 13,11-13), o servo do centurião romano (Mt 8,5-13) e muitas outros. É importante esclarecer que existem muitas curas realizadas por Jesus que não foram descritas nos Evangelhos (Mt 4,24; 12,15; 14,14; 14,36). 

Natureza – Os milagres sobre a natureza são os prodígios que Jesus realizou sobre os elementos naturais. Aconteceram nove vezes: a conversão de água em vinho (Jo 2,1), a tempestade acalmada (Mt 8,23), Jesus caminhando sobre as águas (Mt 14,25), a multiplicação de cinco pães e dois peixes para alimentar 5 mil homens (Mt 6,35), a multiplicação de sete pães e uns peixes para 4 mil pessoas (Mc 8,1), a primeira pesca milagrosa (Lc 5,1), a moeda na boca do peixe (Mt 17,24), a figueira seca (Mc 11,12) e a segunda pesca milagrosa (Jo 21, 1). 

Ressurreições – São três as ressurreições realizadas por Jesus: a filha de Jairo (Mt 9,18), o filho da viúva de Naim (Lc 7,11) e de Lázaro (Jo 11,1). 

O que é milagre? – Há muito tempo os teólogos têm discutido uma definição para milagre. Uma definição muito usada é: “Milagre é todo fenômeno que interrompe as leis da natureza (sobrenatural)”.  Explicando melhor: em nosso cotidiano, tudo segue um curso natural, ou seja, a água é sempre água (não se transforma em vinho), um morto continua morto (não se levanta), um cego continua cego. Quando estamos diante de um fenômeno extraordinário (por exemplo, a cura de uma doença) devemos analisar o fato segundo todas as possibilidades científicas; se concluirmos que a cura é inexplicável, que vai contra as leis da natureza, então estamos diante de um milagre. As leis da natureza foram suspensas por uma força maior, neste caso, Deus, que produziu o milagre. 

Problemas – A definição acima não é aceita por todos os teólogos, pois oferece problemas. Em primeiro lugar, porque na época de Jesus não se conhecia certas leis da natureza. Assim, os apóstolos não podiam dizer se Jesus estava transgredindo uma lei natural. Eles simplesmente ficavam maravilhados com o que viam. Em segundo lugar, porque nem hoje nós conhecemos todas as leis da natureza. Todos os dias se descobrem novas leis que corrigem e completam as conhecidas. Portanto, diante de um fato desconhecido, nunca podemos afirmar com absoluta certeza, que se trata de um fenômeno sobrenatural.  

Deus transgressor? – Em terceiro lugar, se milagre é a suspensão das leis da natureza, por que Deus quis violar as mesmas leis que criou?  Para melhorá-las? Isso significa que foram mal feitas e que poderia ter criado melhor? Ou para mostrar o seu poder? Para provar que Ele existe? Mas, se com um milagre se puder “demonstrar” a existência de Deus, então a fé desapareceria e Deus passaria a ser uma certeza conhecida cientificamente, ou seja, todos estariam obrigados a crer Nele e não existiriam os ateus. O certo é que nenhum acontecimento, por mais maravilhoso e inexplicável que seja, pode tornar “evidente” a existência de Deus. Nele se crê por fé, sem “ver” nada. Portanto, a definição de milagre como “tudo aquilo que não tem explicação pelas leis da natureza” não é admissível.  

A Igreja – O Catecismo da Igreja Católica não define milagre, explicando que “Jesus acompanha suas palavras com numerosos milagres, prodígios e sinais que manifestam que o Reino está presente nele. Atestam que Jesus é o Messias anunciado. Assim, os milagres fortificam a fé naquele que realiza as obras de seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus. Não se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos. Apesar de seus milagres tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; acusam-no até de agir por intermédio dos demônios. Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustiça, da doença e da morte, Jesus operou sinais messiânicos; não veio, no entanto, para abolir todos os males da terra, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os entrava em sua vocação de filhos de Deus e causa todas as suas escravidões humanas” (CIC, 547-550).

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