O
Evangelho das missas deste domingo situa-nos no Calvário (lugar do crânio),
diante de uma cruz. A cena apresenta-nos Jesus crucificado, dois “malfeitores”
crucificados também, os chefes dos judeus que “zombavam de Jesus”, os soldados
que faziam piada dos condenados e o povo silencioso, perplexo, em expectativa.
Por cima da cruz de Jesus, havia uma inscrição: “Jesus Nazareno, rei dos judeus”.
INRI – À primeira vista, está a famosa inscrição que define Jesus
como “rei dos judeus”. É uma indicação que, naquela situação em que Jesus se
encontrava, parece irônica: Ele não está sentado num trono, mas pregado numa
cruz; não aparece rodeado de seguidores fiéis que O incensam e adulam, mas dos
chefes dos judeus que O insultam e dos soldados que zombam Dele; Ele não exerce
autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa
cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante… Não há aqui, qualquer sinal
que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena.
Rei? – Contudo, a inscrição da cruz – irônica aos olhos dos
homens – descreve com precisão a situação de Jesus, na perspectiva de Deus: Ele
é o “rei” que, da cruz, preside a um “Reino” de serviço, de amor, de entrega,
de dom da vida. Neste quadro, explica-se a lógica desse “Reino de Deus” que
Jesus veio propor aos homens.
Malfeitores – O quadro é completado por uma cena bem significativa,
para entender o sentido da realeza de Jesus… Ao lado de Jesus estão dois
“malfeitores”, crucificados como Ele. Enquanto um O insulta (este representa
aqueles que recusam a proposta do “Reino”) e outro que pede: “Jesus, lembra-Te
de mim quando vieres com a tua realeza”. A resposta de Jesus a este pedido é:
“hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.
Hoje no paraíso – Jesus é o Rei que apresenta aos homens uma proposta de
salvação e que, da cruz, oferece a vida. O “estarás hoje no paraíso” não expressa
um dado cronológico, mas indica que a salvação definitiva (o “Reino”) torna-se
realidade a partir da cruz. Na cruz, manifesta-se plenamente a realeza de Jesus
que é perdão, renovação do homem, vida plena; e essa realeza abarca todos os
homens – mesmo os condenados – que acolhem a salvação.
No Paraíso – A Tradição afirma que o agraciado com a promessa do
paraíso foi São Dimas. O “Bom Ladrão”, com sua atitude de humildade,
reconhecendo-se criminoso, e com sua profissão de fé (“Jesus, lembra-te de mim,
quando entrares no teu reinado”), “roubou” o Paraíso, tornando-se o primeiro
herdeiro dos que sofrem e choram.
Apócrifo – O Evangelho de Lucas cita apenas que eram dois ladrões,
não indicando os seus nomes. Os nomes aparecem somente no livro apócrifo chamado
“Evangelho de Nicodemos” (9,5): Dimas e Gestas. Os livros apócrifos são textos
(criados a partir do 2º século), escritos por pessoas devotas, ou simplesmente
curiosas, sobre tradições, histórias ou qualquer coisa que se relacionasse com
Jesus. Por serem textos sem muito critério, não foram incluídos na Bíblia.
Da cruz ao paraíso – Jesus quer realizar o seu reino numa sociedade de
irmãos e filhos de Deus. Até o momento de sua morte, vemos o que foi a
constante de Sua vida: a preferência pelos pecadores, marginalizados e pobres.
Por isso mesmo, até no último momento, oferece o Paraíso ao Bom Ladrão, que se
arrependeu e acreditou nele. Da humilhação e fraqueza suprema da cruz, Cristo
Jesus aparece como rei vencedor do pecado e da morte.
Ressurreição – A promessa que faz a Dimas revela esta vitória e é a
garantia de nossa esperança cristã. A partir da morte e ressurreição de Jesus,
que é também a sua glorificação, estão abertas as portas do Paraíso, que Adão
nos tinha fechado. Fica inaugurado o reino da Ressurreição dos mortos. Jesus
quer reinar a partir da cruz e não a partir do poder, e quer realizar seu reino
numa sociedade de irmãos entre si e de filhos de Deus.
Dimas em Bauru – Em nossa cidade existe uma paróquia que tem Dimas como
padroeiro. É a Paróquia de São Judas Tadeu e São Dimas, localizada nos altos da
cidade. São Dimas é comemorado no dia 25
de março.
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