No Evangelho
deste domingo (Lc 21,5–9), Jesus está no pátio do Templo de Jerusalém conversando
com algumas pessoas sobre as belas pedras usadas na construção do Templo. Durante
a conversa, Jesus faz a previsão de que tudo será destruído: “Dias virão em que
não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.”
O
Templo – O Templo de Jerusalém era o principal centro de culto da religião do
povo de Israel, onde se realizavam as diversas ofertas e sacrifícios. De acordo com a tradição judaico-cristã,
o Primeiro Templo foi iniciada a sua construção no terceiro ano do reinado de
Salomão e concluído sete anos depois. Foi saqueado várias vezes e acabou por
ser totalmente incendiado e destruído por Nabucodonosor II, em 587 A .C. Segundo o relato
bíblico, o templo foi mandado reconstruir por decreto de Ciro II da Pérsia no
ano 539 a .C.,
com a volta dos judeus mantidos em cativeiro na Babilônia.
Remodelação de Herodes
– No século I a.C.,
Herodes, o Grande, ordenou uma remodelação ao templo (considerada por muitos
judeus como uma profanação) com o propósito de agradar a César, mandando
construir num dos vértices da muralha a Torre Antonia, uma guarnição romana que
dava acesso direto ao interior do pátio do Templo.
Guerra Judaica – Grande Revolta
Judaica foi a guerra travada pelos judeus contra o Império romano de 66 a 73 d.C. Teve início em
66, como reação a ataques contra locais de culto judaicos. Em 70, as legiões do
general Titus cercaram e destruiram Jerusalém (cada legião era formada de 4 a 8 mil soldados, além de
escravos e ajudantes). O Templo foi então saqueado e incendiado pelos romanos. Conforme
historiadores da época, morreram um milhão e cem mil judeus e noventa e sete
mil foram levados presos. A cidade de Jerusalém foi totalmente destruída e
incendiada. Deste templo, só restou o que conhecemos como o Muro das
Lamentações.
Diáspora Judaica – A explulsão dos
judeus da Terra Santa é um evento central na história da Diáspora Judaica. Os
judeus se dispersaram pelo mundo, formando um povo sem território. Apenas em
1948 (quase dois mil anos após a Guerra Judaica) foi criado o Estado de Israel,
um país para abrigar os judeus.
Após a queda – Depois de anuncia a destruição de
Jerusalém, Jesus faz uma reflexão sobre o “tempo da Igreja”, que culminará com
a Sua segunda vinda. Como será esse tempo? Como vivê-lo?
Não será o fim – Em primeiro lugar, Lucas sugere que,
após a destruição de Jerusalém, surgirão falsos messias e visionários que
anunciarão o fim. Lucas avisa: “não será logo o fim”. A destruição de Jerusalém
no ano 70 deve ter parecido aos cristãos o prenúncio da segunda vinda de Jesus
e alguns pregadores populares deviam alimentar essas ilusões… Mas Lucas (que
escreveu o Evangelho nos anos 80) quer eliminar essa febre escatológica que
crescia em certos setores cristãos: em lugar de viverem obcecados com o fim, os
cristãos deviam preocupar-se em viver uma vida cristã cada vez mais
comprometida com a transformação “deste” mundo.
Tempo de espera – Em segundo lugar, Lucas diz aos
cristãos que, paulatinamente, irá surgindo um mundo novo. Para dizer isso,
Lucas recorre a imagens apocalípticas (um povo se erguerá contra outro povo e
reino contra reino; haverá grandes terremotos e, em diversos lugares, fome e
epidemias; haverá fenômenos espantosos e grandes sinais no céu), muito usadas
pelos pregadores populares da época para falar da queda do mundo velho – o
mundo do pecado, do egoísmo, da exploração – e do surgimento de um mundo novo…
A questão, portanto, é esta: no tempo entre a queda de Jerusalém e a segunda
vinda de Jesus, o “Reino de Deus” estará se manifestando; o mundo velho desaparecerá
e nascerá um mundo novo. É claro que a libertação plena e definitiva só
acontecerá com a segunda vinda de Jesus.
Dificuldades – Em terceiro lugar, Lucas põe os
cristãos de sobreaviso para as dificuldades e perseguições que marcarão a
caminhada histórica da Igreja, até à segunda vinda de Jesus. Lucas lembra-lhes,
contudo, que não estarão sós, pois Deus estará sempre presente; será com a
força de Deus que eles enfrentarão os adversários e que resistirão à tortura, à
prisão e à morte; será com a ajuda de Deus que eles poderão, até, resistir à
dor de ser atraiçoados pelos próprios familiares e amigos…
Missão da Igreja – O discurso escatológico define,
portanto, a missão da Igreja na História (até à segunda vinda de Jesus): dar
testemunho da Boa Nova e construir o Reino. Os discípulos nada deverão temer:
haverá dificuldades, mas eles terão sempre a ajuda e a força de Deus.
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