Neste domingo a Igreja
comemora a Festa da Ascensão de Jesus e indica que devemos continuar a realizar
o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo. O Evangelho
apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num
monte da Galileia.
Encontro marcado – O texto do
Evangelho (Mt 28,16-20) situa-nos na Galileia, após a ressurreição de Jesus
(embora não se diga se é muito ou pouco tempo após a descoberta do túmulo vazio
– Mt 28,1-15). De acordo com Mateus, Jesus – pouco antes de ser preso – havia
marcado encontro com os discípulos na Galileia (Mt 26,32); na manhã da Páscoa,
os anjos que apareceram às mulheres no sepulcro (Mt 28,7) e o próprio Jesus,
vivo e ressuscitado (Mt 28,10), renovam o convite para que os discípulos se
dirijam à Galileia, a fim de lá encontrar o Senhor.
A Galileia – Região próspera e bem povoada, de solo
fértil e bem cultivada, a Galileia era ponto de encontro de muitos povos, por
isso, um número importante de pagãos fazia parte da sua população. Certamente,
a coabitação de populações pagãs e judias fazia com que os judeus dessa região
vivessem a religião de uma maneira diferente dos judeus de Jerusalém e da
Judéia: a presença diária dos pagãos conduzia, provavelmente, os galileus a
suavizar a sua prática da Lei e a interpretar mais amplamente as regras que se
referiam, por exemplo, às impurezas rituais contraídas pelo contato com os
não-judeus. No entanto, isso fazia com que os judeus de Jerusalém desprezassem
os judeus da Galileia e considerassem que dali “não podia sair nada de bom”.
Terra de Jesus – No entanto,
foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a sua vida. Foi, também, na Galileia
que Ele começou a anunciar o Evangelho do “Reino” e que começou a reunir à sua
volta um grupo de discípulos (Mt 4,12-22). Para Mateus, esse fato sugere que o
anúncio libertador de Jesus tem uma dimensão universal: destina-se a judeus e
pagãos. Mateus situa este encontro final entre Jesus ressuscitado e os
discípulos num “monte que Jesus lhes indicara”. Trata-se, no entanto, de uma
montanha da Galileia que é impossível identificar geograficamente, mas que
talvez Mateus a ligue com a montanha da tentação (Mt 4,8) e com a montanha da
transfiguração (Mt 17,1). De qualquer forma, no Antigo Testamento, o “monte” é
sempre o lugar onde Deus se revela aos homens.
Jesus vivo – O texto que descreve o encontro final
entre Jesus e os discípulos divide-se em duas partes. Na primeira, descreve-se
o encontro: Jesus vivo e ressuscitado, revela-Se aos discípulos e é reconhecido
e adorado como “o Senhor”. Depois de descrever a adoração, Mateus acrescenta
uma expressão que alguns traduzem como “alguns ainda duvidaram” e outros como
“eles que tinham duvidado” (gramaticalmente, ambas as traduções são possíveis).
No primeiro caso, a expressão significaria que a fé não é uma certeza
científica e que não exclui a dúvida; no segundo caso, a expressão aludiria a
essa dúvida constante dos discípulos – expressa em vários momentos, ao longo da
caminhada para Jerusalém – e que aqui perde qualquer razão de ser.
Deus conosco – Após o
reconhecimento e a adoração dos discípulos segue-se uma manifestação do
mistério de Jesus, que reflete a fé da comunidade de Mateus: Jesus é o “Kyrios”
(Senhor), que possui todo o poder sobre o mundo e sobre a história; Jesus “o
Mestre”, cujo ensinamento será sempre uma referência para os discípulos; Jesus
é o “Deus-conosco”, que acompanhará, passo-a-passo, a caminhada dos discípulos
pela história.
Missão – Na segunda parte, Mateus descreve o
envio dos discípulos em missão pelo mundo. A Igreja de Jesus é, essencialmente,
uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de
salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens e que deixou nas mãos
e no coração dos discípulos.
Cristãos – A primeira nota do envio e do mandato
que Jesus dá aos discípulos é a da universalidade… A missão dos discípulos
destina-se a “todas as nações”. A segunda nota dá conta das duas fases da
iniciação cristã, conhecidas da comunidade de Mateus: o ensino e o batismo.
Começava-se pela catequese, cujo conteúdo eram as palavras e os gestos de
Jesus. Quando os discípulos estavam informados da proposta de Jesus, vinha o
batismo – que selava a íntima vinculação do discípulo com o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
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