No dia 21 de setembro, a Igreja comemora
São Mateus, Evangelista, também chamado de Levi e apóstolo de Jesus.
Impostos – No Império Romano, os impostos eram
cobrados em todas as províncias, pois era necessário pagar as contas do
imperador e manter o Império. Basicamente, dois tipos de impostos eram
cobrados: sobre as propriedades (terras e prédios), arrecadado do povo em
recenseamentos e o imposto sobre a circulação de mercadorias, arrecadado em
pedágios.
Cobradores – Para coletar os impostos das
províncias, o
Império Romano dispunha pessoas nativas de cada lugar encarregadas de recolher
as taxas de impostos que o povo devia pagar ao Imperador. Elas eram chamadas de coletores de
impostos ou publicanos. Na época de Jesus, esse era um dos trabalhos mais
indignos de serem feitos. Afinal, um judeu que cobrasse impostos de seu próprio
povo para ajudar o Império Romano era visto como o mais sujo entre a população.
Terceirização
– Os
cobradores de impostos auferiam lucros cobrando um imposto mais alto do que a
lei permitia. Os coletores licenciados pelo Império contratavam oficiais de
menor categoria, chamados de publicanos, para efetuar o verdadeiro trabalho de
coletar. Os publicanos recebiam seus próprios salários cobrando uma fração a
mais do que seu empregador exigia. Os Evangelhos citam Zaqueu como chefe dos
coletores (Lc 19,2) e o apóstolo Mateus como publicano (Mc 2,13-14).
Pedágio
–
O discípulo Mateus era um desses publicanos; ele coletava pedágio na estrada
entre Damasco e Aco; sua tenda estava localizada fora da cidade de Cafarnaum, o
que lhe dava a oportunidade de, também, cobrar impostos dos pescadores. Normalmente
um publicano cobrava 5% do preço da compra de artigos normais de comércio, e
até 12,5% sobre artigos de luxo. Mateus cobrava impostos também dos pescadores
que trabalhavam no mar da Galiléia e dos barqueiros que traziam suas
mercadorias das cidades situadas no outro lado do lago.
Impuro
–
Os judeus consideravam impuro o dinheiro dos cobradores de impostos, por isso
nunca pediam troco. Para agravar a situação, os judeus eram proibidos por lei
divina de tocarem as moedas do Império Romano, pois traziam a esfinge do
imperador. Por consequência, os cobradores de impostos, que as manuseavam com
frequência, eram considerados pecadores públicos, impuros e mal vistos. Não era
permitido aos publicanos prestar depoimento no tribunal, e não podiam pagar o dízimo
de seu dinheiro ao Templo. Os fariseus, muito ciosos da sua santidade, mudavam
de passeio público, quando viam um publicano,
na rua, vir ao seu encontro. Eles evitavam até que a sombra do publicano
passasse sobre eles. Eram, portanto, gente desclassificada (apesar de rica),
impura, considerada amaldiçoada por Deus e, portanto, completamente à margem da
salvação.
Um Publicano Apóstolo? – Vejam a
situação extraordinária criada por Jesus: Ele não só chama um publicano para o seu grupo de discípulos, como também
aceita sentar-se à mesa com ele (estabelecendo, assim, laços de familiaridade,
de fraternidade, de comunhão). O comportamento de Jesus não é só ofensivo à
moral e aos bons costumes, mas uma verdadeira provocação. Jesus reúne num mesmo
grupo várias classes sociais: pescadores (Pedro, Tiago, João, André),
nacionalistas (Simão), publicanos, etc.
Mateus – O relato da
vocação de Mateus é semelhante ao chamamento de outros apóstolos (Mt 4,18-22):
são homens que estão trabalhando, a quem Jesus chama e que, deixando tudo,
seguem Jesus. No entanto, um dado novo em relação a outros relatos de vocação:
Jesus demonstra que, no “Reino”, há lugar para todos, mesmo para aqueles que o
mundo considera desclassificados e marginais. Deus tem uma proposta de salvação
para apresentar a todos os homens, sem exceção; e essa proposta não distingue entre bons e maus: é
uma proposta que se destina a todos aqueles que estiverem interessados em
acolhê-la.
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