sábado, 26 de outubro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 6ª parte: O Traidor

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.


Judas, o Traidor – Filho de Simão (não confundir com o apóstolo Simão), Judas Iscariotes foi o traidor de Jesus.  O sobrenome Iscariotes tem diversas interpretações: originário de Keriot, aldeia situada ao sul da Palestina (Js 15,25; Am 2,2); mentiroso (segundo uma raiz aramaica), apelido aplicado ao traidor depois de sua façanha; transcrição semítica de sicarius (zelote); esta última interpretação ajudaria a compreender por que Judas atraiçoou Jesus, que repudiou a ideologia dos zelotes (Mt 17,24-27).


Quem foi – A convocação de Judas Iscariotes para ser apóstolo não é narrada nos Evangelhos, mas não há dúvida que fez parte dos doze.  Foi um apóstolo verdadeiro, fiel e até perseverante.  Quando muitos seguidores abandonaram Jesus, Judas continuou com ele (confira em Jo 6,66-71).  Os Evangelhos sinóticos (Mt, Lc e Mc) não fazem qualquer citação ou descrevem qualquer episódio sobre Judas Iscariotes.  Ele apenas é citado na traição da Paixão.


Judas e o desperdício – O Evangelista João o apresenta como o discípulo contestador, na unção em Betânia (Jo 12,4).  Segundo o quarto Evangelho, Judas pede explicações sobre o desperdício que ocorre durante a ceia, quando uma mulher chamada Maria aplica uma libra (327 gramas) de bálsamo perfumado nos pés de Jesus.  Reclamou que o bálsamo poderia ser vendido por 300 denários (hoje, R$ 13.000,00) e o dinheiro distribuído aos pobres.  Deve-se notar que na descrição deste mesmo episódio por Mateus (Mt 26,8), a reclamação é atribuída aos discípulos e não a Judas; Marcos também não nomeia Judas, mas atribui “a alguns”.


O tesoureiro? – O episódio do desperdício dá a entender que Judas Iscariotes era o tesoureiro dos apóstolos.  Em Jo 12,6, o evangelista observa que Judas protestou “não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, encarregado da bolsa, roubava o que nela se guardava”. João deixa claro que Judas era o encarregado do dinheiro do grupo e que era ladrão.


Trinta Moedas – Como e por que Judas traiu Jesus? Os Evangelhos não apresentam nenhum motivo para a traição.  Limitam-se a registrar o fato. Nem o evangelista João, que aposta Judas como ladrão, insinua que a causa da traição fosse o dinheiro (trinta moedas de prata). Trinta moedas de prata significam 30 denários (o denário era o salário de um dia de trabalho, conforme Mt 20,2), ou cerca de 40 gramas de ouro.  Se tomarmos o grama de ouro a R$ 32,00, teríamos que a traição de Judas valeria, hoje, cerca de R$ 1.300,00.


A Morte – A morte de Judas é narrada duas vezes no Novo Testamento. O evangelista Mateus (Mt 27,3s) descreve um suicídio por enforcamento, enquanto Lucas (At 1,18s) cita que o traidor sofreu uma queda, sem especificar se foi suicídio ou acidente.  As narrativas divergem nos detalhes. Segundo Mateus, Judas enforcou-se e foram os chefes do povo que compraram um campo, ligado ao sangue inocente de Jesus. Lucas, por sua vez, não diz que Judas suicidou-se por enforcamento, mas que o traidor sofre uma queda, sem especificar se foi suicídio ou acidente. De acordo com seu relato, o campo não foi comprado pelos chefes de Israel, mas pelo próprio Judas, e seu nome refere-se ao sangue de Judas e ao de Jesus.


E os outros Apóstolos?

            Terminamos hoje o estudo sobre os 12 apóstolos de Cristo.  Mas existe uma dúvida.  Existe o 13º apóstolo?

sábado, 19 de outubro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 6ª parte: Judas Tadeu

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.


Judas Tadeu – Existe grande divergência sobre o nome do 11º apóstolo de Cristo. A maioria dos textos antigos traz o nome Tadeu (Mc, 3,18); outros trazem Lebeu ou Lebê (Mt 10, 3); outros Judas, filho de Tiago (Lc 6,16); outros Judas, o Zelote; outros ainda Judas de Tiago. Os estudiosos admitem que dificilmente estes nomes tenham pertencido a uma só pessoa, ou seja, na época em que os Evangelhos foram escritos, não havia uma forte tradição quanto ao nome do 11º Apóstolo.


Os dois Tadeus – O Novo Testamento descreve duas pessoas com o nome de Judas Tadeu: o Apóstolo e o irmão (primo) de Jesus.  Existem sérias dificuldades em aceitar que se trata da mesma pessoa.


Judas Tadeu, primo de Jesus – Era natural de Caná da Galiléia, na Palestina. Sua família era constituída do pai, Alfeu (ou Cléofas) e a mãe, Maria Cléofas, parentes de Jesus. O pai, Alfeu, era irmão de São José e a mãe, Maria Cléofas, prima-irmã de Maria Santíssima, portanto, Judas Tadeu era primo-irmão de Jesus (confira em Mt 13,55).


Judas Tadeu, Apóstolo – Judas Tadeu é citado apenas uma vez no Novo Testamento (além das listas de apóstolos, como Mt 10,4). Aparece em João Jo 14,22, durante a última ceia, quando perguntou a Jesus: "Mestre, por que razão hás de manifestar-te só a nós e não ao mundo?" Jesus lhe respondeu afirmando que teria manifestação dele todo aquele que guardasse sua palavra e permanecesse fiel a seu amor.


Quem escreveu a Epístola de Judas? – O próprio autor se apresenta como “irmão de Tiago” (Jd 1), ou seja, pode tratar-se de Judas Tadeu, primo de Jesus, irmão de Tiago, José e Simão (confira em Mt 13,55).  A maioria dos exegetas (estudiosos da Bíblia) tem muitas dúvidas em fazer esta afirmação por diversas razões, entre elas a época em que o texto foi escrito (anos 90 do primeiro século).  Eles preferem atribuir a autoria da Epístola a um outro Judas (que não é o apóstolo, nem o primo de Jesus, nem o Iscariotes).


São Judas Tadeu – Na Igreja Católica, o Apóstolo Judas Tadeu, o primo de Jesus e o autor da Epístola de Judas são comemorados como a mesma pessoa.  A história do Santo diz que ele iniciou sua pregação na Galiléia, passando pela Samaria, Iduméria e outras populações judaicas. Pelo ano 50, tomou parte no primeiro Concílio, o de Jerusalém. Em seguida, foi evangelizar a Mesopotâmia, Síria, Armênia e Pérsia. Nesse país recebeu a companhia de outro apóstolo, Simão.


Santo e Mártir – A pregação e o testemunho de São Judas Tadeu impressionaram os pagãos que se convertiam. Isso provocou a inveja e fúria contra o apóstolo, que foi trucidado, com pauladas, lanças e machados, pelo ano 70. Dessa maneira, tornou-se mártir, ou seja, mostrou que sua adesão a Jesus era tal, que testemunhou a fé com a doação da própria vida. Os seus restos mortais, após terem sido guardados no Oriente Médio e na França, foram definitivamente transferidos para Roma, na Basílica de São Pedro.  É o santo das causas impossíveis ou dos desesperados, comemorado em 28 de outubro.


E os outros Apóstolos?


            Hoje escrevemos sobre os Judas Tadeu. Só falta um: o traidor. Continuaremos na próxima semana.

sábado, 12 de outubro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 5ª parte: Os Tiagos

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.


Os Tiagos – Existem três pessoas com o nome de Tiago que têm participação intensa no Novo Testamento. Dois deles são apóstolos: o Tiago Maior e Tiago Menor.  O terceiro Tiago, primo de Jesus, aparece na formação das primeiras comunidades cristãs.  Se você faz confusão entre os Tiagos, leia o texto a seguir.


Tiago Maior – Filho de Zebedeu e irmão do apóstolo João, Tiago foi chamado pelo próprio Jesus para ser apóstolo.  Deixou o barco e as redes e seguiu Jesus.  Tiago e João receberam o apelido de Boanerges, que significa filhos do trovão (Mt 4,21).


Tiago Maior e Jesus – Tiago maior fazia parte do grupo de apóstolos mais próximo de Jesus (Pedro, Tiago, João e, às vezes, André), estando presente nas ocasiões mais decisivas: no anúncio da ruína do templo, os quatro discípulos “à parte, perguntavam-lhe” (Mc 13, 3), ou “os discípulos adiantaram-se a ele, à parte, e lhe disseram” (Mt 24, 3).  No Getsêmani “ele leva consigo Pedro, Tiago e João” (Mc 14, 33); na transfiguração “Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e os leva a sós, à parte, ao cimo de uma alta montanha” (Mc 9, 2).  O mesmo ocorre na cura da filha de Jairo (Mc 5,37).


Tiago Maior na Espanha – Algumas lendas dizem que Tiago Maior evangelizou na Espanha, porém não existe base histórica para esta afirmação.  Tiago “bebeu do mesmo cálice de Jesus” (veja Mc 10,39), sendo morto à espada (degolado), no ano 44, por ordem do rei Herodes Agripa (veja At 12,1).  Tiago é o Santo dos chapeleiros, dos doentes de reumatismo e de todos trabalhadores. É comemorado no dia 25 de julho.


Tiago Menor – Também chamado de “o Jovem” ou “o Justo”, era filho de Alfeu e recebeu o apelido de “Menor” para distingui-lo do outro apóstolo também chamado Tiago, mais velho e, possivelmente, mais alto.  Tiago Menor morreu (ano 62) ao ser atirado do ponto mais alto do templo e, em seguida ser agredido.  É comemorado no dia 3 de maio.


Tiago, “irmão” de Jesus – O terceiro Tiago não foi apóstolo de Cristo, mas desempenhou um importante papel na Igreja Primitiva.  Foi o autor da Primeira Epístola Católica, a Carta de Tiago.  Era filho de Alfeu (Cleofas) e de Maria, irmã de Nossa Senhora.  Portanto, Tiago era primo de Jesus, o que é indicado várias vezes na Bíblia como “irmão” de Jesus (confira em Mt 13,55; Mt 27,56; Mc 6,3; Mc 15,40; Mc 16,1; Lc 24,10).


Tiago (o primo) e a Igreja – Tiago teve uma posição de destaque na Igreja do primeiro século (Confira em At 12,17 e At 15,13).  São Paulo o proclama como testemunha da Ressurreição de Cristo e como “um dos pilares” da Igreja (confira em Gl 2,9).  De acordo com a Tradição, ele foi o primeiro bispo de Jerusalém e presidiu o Concílio de Jerusalém (primeiro concílio da Igreja) por volta do ano 50. 
 

A Carta de Tiago – O Novo Testamento tem uma Epístola de autoria de Tiago, primo de Jesus.  A autoria é confirmada pelo estudo do texto que revela ter sido escrito por um judeu com grandes conhecimentos do Antigo Testamento e um cristão conhecedor dos ensinamentos do Evangelho.  Documentos da Igreja primitiva e de Concílios comprovam a autenticidade da Carta de Tiago, escrita entre os anos de 60 e 62. Tiago, primo de Jesus, morreu martirizado por sua fé no verão do ano 62.  É comemorado no dia 3 de maio.


E os outros Apóstolos?


            Hoje escrevemos sobre os Tiagos. Faltam ainda os dois Judas. Continuaremos na próxima semana.

sábado, 5 de outubro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 4ª parte: Filipe e Tomé

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.

Filipe, o prático – Era natural de Betsaida (mesma cidade de André e Pedro), na Galiléia.  Era um dos discípulos de João Batista e foi convidado pelo próprio Jesus para ser apóstolo: ao encontrar Filipe, disse-lhe: “Segue-me” (Jo 1,43).  Após o convite, Filipe promoveu o encontro de Jesus com Nataniel.  Filipe aparece sempre nos evangelhos como o quinto apóstolo e não deve ser confundido com o discípulo de origem grega citado no livro dos Atos dos Apóstolos.


Filipe e Cristo – Na multiplicação dos pães (Jo 6,1s) Jesus o põe à prova, perguntando-lhe onde poderiam comprar pães para toda a multidão.  Filipe, confuso, responde que nem 200 denários (um denário é o pagamento de um dia de trabalho, confira em Mt 20,2) bastariam para dar a cada pessoa um pedacinho de pão.  Em outra ocasião (Jo,12,20s), Filipe foi procurado por alguns gregos que queriam ver Jesus, ou seja, Filipe tinha ativa participação no grupo de Cristo.

Filipe e o Caminho – Quando Jesus proclamou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai se não for por mim”, Filipe exprime a aspiração mais profunda de todo ser humano, dizendo: "Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta". Jesus lhe responde: "Eu estou convosco há tanto tempo, e entretanto, Filipe, não me reconheceste? Aquele que me viu, viu o Pai”.  Conforme a Tradição da Igreja, Filipe pregou na Grécia, sendo crucificado de cabeça para baixo, em Hierápolis, na época do imperador Domiciano.  É festejado no dia 3 de maio.

Tomé, o impetuoso – Chamado de Dídimo (gêmeo), natural da Galiléia, Tomé foi um dedicado e impetuoso seguidor de Cristo.  Quando Jesus disse que iria voltar para a Judéia para visitar o seu amigo Lázaro que estava doente, todos os apóstolos tentaram convence-lo a ficar, pois os Judeus queriam apedreja-lo.  Tomé, contrariando os apóstolos disse: “Vamos, também nós, e morramos com ele” (confira em Jo 11,16).

Tomé e o Caminho – Na passagem em que Jesus diz: “Quanto ao lugar para onde vou, vós sabeis o caminho". Tomé lhe diz: "Senhor, nós nem sabemos para onde vais, como poderíamos saber o caminho?". Jesus lhe responde com uma das mais belas palavras dos Evangelhos: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (Confira em Jo 14,1s).  Tomé também estava presente no episódio da pesca milagrosa em Jo 21,1s.

Tomé, o cético – Tomé é mais conhecido pelos acontecimentos que ocorreram depois da morte de Cristo.  Na tarde do domingo da ressurreição, Jesus apareceu aos apóstolos, desejando-lhes a Paz.  Tomé não estava com eles e, ao lhe contarem, não acreditou, dizendo: "Se eu não vir em suas mãos a marca dos cravos, se eu não enfiar o meu dedo no lugar dos cravos e não enfiar a minha mão no seu lado, não acreditarei!".  No domingo seguinte, os apóstolos estavam reunidos e Tomé estava com eles, quando Jesus apareceu no meio deles.  Dirigindo-se a Tomé disse: "Aproxima o teu dedo aqui e olha as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado, deixa de ser incrédulo e torna-te um homem de fé".  Tomé faz a mais linda (e a última) proclamação de fé dos Evangelhos, associando os títulos de Deus e Mestre: “Meu Senhor e meu Deus”.  Tomé morreu ferido por lanças num lugar chamado Calamine.  É o patrono dos arquitetos e comemorado no dia 3 de julho.


E os outros Apóstolos?

            Hoje escrevemos sobre Filipe e Tomé. Faltam ainda os dois Judas e os dois Tiagos. Continuaremos na próxima semana.

sábado, 28 de setembro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 3ª parte: João, Simão, Bartolomeu e Mateus

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.

João, o amado – Era irmão de Tiago, filho de Zebedeu e Salomé, seu apelido era Boanerges. Era pescador, natural de Jerusalém, e discípulo de João Batista, sendo convidado pessoalmente por Jesus para ser discípulo. Foi companheiro inseparável de Pedro. Foi chamado de “discípulo amado”, sendo o único apóstolo que permaneceu junto a Cristo durante a Paixão; Jesus, ao morrer, confiou-lhe a mãe (Maria), da qual cuidou até morrer.

Ainda João – É também chamado de João Evangelista por ter escrito o 4º Evangelho e três Cartas Apostólicas.  Também é atribuída a João a autoria do Apocalipse.  Ficou exilado na ilha de Patmos, durante a perseguição de Domiciano.  Diz a tradição que morreu quase centenário, possivelmente em Éfeso, de morte natural.  É patrono a Ásia e comemorado em 27 de dezembro.

Simão, o zelote – Não deve ser confundido com Simão Pedro, o líder dos apóstolos. Simão Zelote era natural da Galiléia, tinha o apelido de Cananeu, transcrição de um termo aramaico que significa o zeloso e designava os zelotes, cujo nacionalismo religioso opunha-se com violência à ocupação romana. Talvez Simão tenha participado de um desses grupos, antes de ser encontrado por Jesus.  Era rígido seguidor da Lei Judaica.  Com Felipe, Marcos e discípulos de Pedro, Simão ajudou a estabelecer os ensinamentos de Jesus no Egito. Sua pregação era bem parecida com a dos outros quatro Apóstolos que foram para o Oriente, ascética e judaica, como aquela preservada na Epistola canônica de Judas.  Viajou com Judas pela Mesopotâmia e Síria, onde ambos sofreram o martírio.  Simão zelote é comemorado no dia 28 de outubro.

Bartolomeu – Tudo o que se conhece do apóstolo Bartolomeu é a sua citação na lista dos 12 nos Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas e no Atos dos Apóstolos.  Bartolomeu não aparece sendo convidado para ser apóstolo, nem é mencionado em qualquer ocasião da vida pública de Jesus. Seu nome significa “filho de Tolomai”.  Alguns estudiosos identificam Bartolomeu como a mesma pessoa que Nataniel, citado em Jo 1,45, mas esta identificação é infundada (conferir Jo 21,2).  A Tradição da Igreja indica que Bartolomeu pregou na Índia, Armênia, Mesopotâmia, Pérsia e Egito.  Existe um Evangelho atribuído a Bartolomeu, considerado apócrifo pela Igreja.  É festejado no dia 24 de agosto.

Mateus, o cobrador de impostos – Foi um dos 12 apóstolos e autor do primeiro Evangelho.  Também chamado de Levi, era um publicano filho de Alfeu, que foi chamado para ser apóstolo por Jesus quando estava sentado na coletoria de impostos na cidade de Cafarnaum.  Após o convite, ofereceu uma refeição a Jesus.  Mateus não é citado em nenhuma outra passagem dos Evangelhos, mas apenas aparece nas listas dos apóstolos.  A Tradição da Igreja indica que Mateus pregou na Palestina, Etiópia, Parthia e Pérsia.  Morreu martirizado na Etiópia.  É patrono dos bancários e comemorado no dia 21 de setembro.

E os outros Apóstolos?

            Hoje escrevemos sobre João, Simão, Bartolomeu e Mateus. Ainda faltam seis. Continuaremos na próxima semana.

sábado, 21 de setembro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 2ª parte: Pedro e André

Os mais próximos

Na semana passada nós iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos e os discípulos e a missão deles.

Os quatro primeiros – Entre os 12 apóstolos de Jesus, havia quatro que estavam sempre junto com o mestre.  Eram eles Pedro, Tiago, João e, às vezes, André.  O evangelista Marcos, diferentemente dos outros evangelistas, sempre reafirma que Jesus chama esses quatro apóstolos à parte ou primeiro. Tal referência dá margem para que alguns exegetas entendam que todo ensinamento de Cristo era ministrado privadamente a esses quatro apóstolos privilegiados que, depois, transmitiam aos outros. Confira em Mc 1,16 que estes apóstolos foram os primeiros a serem chamados.

Os mais próximos – Vejamos alguns episódios da vida pública de Cristo em que os 4 apóstolos estavam presentes: No anúncio da ruína do templo, os 4 discípulos “à parte, perguntavam-lhe” (Mc 13, 3); ou “os discípulos adiantaram-se a ele, à parte, e lhe disseram” (Mt 24, 3).  No Getsêmani “ele leva consigo Pedro, Tiago e João” como testemunhas (Mc 14, 33); na transfiguração “Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e os leva a sós, à parte, ao cimo de uma alta montanha” (Mc 9, 2); na cura da filha de Jairo (Mc 5,37) Jesus toma os apóstolos como testemunhas.

O Príncipe dos Apóstolos – Nascido em Betsaida, Cafarnaum, chamava-se Simão. Era filho de Jonas e Maria e tinha André como irmão mais novo. Pescava um dia às margens do rio Jordão quando Jesus o chamou. Daí por diante passou a seguir o Mestre (como chamava Cristo). Petulante, chegou a negar a Jesus, a quem amava demais, e após sua morte foi perdoado. Possuía uma fé intensa, mas às vezes se mostrava fraco, incrédulo e até mesmo um covarde. Presenciou a transfiguração, mas não apareceu no Calvário.

Simão Pedro, Pedra – Jesus o incumbiu de confirmar os irmãos na fé e deu-lhe as chaves do seu reino. Fortalecido pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes, passou a pregar o Evangelho aos judeus e gentios. Presidiu a eleição de Matias, escolhido para suceder a Judas, bem como o Concílio de Jerusalém. Levado perante o Sinédrio (Supremo Conselho dos Judeus), afirmou sua fé em Cristo. Pedro fundou as comunidades cristãs de Antioquia e Síria antes de ir para Roma. Foi preso por ordem do rei Agripa I e encaminhado a Roma, durante o reinado de Nero, onde presidiu a comunidade cristã, vindo a ser crucificado de cabeça para baixo, como mártir em 67 d.C.

André, o divulgador – Filho de Jonas e irmão de Pedro, também era pescador. Antes de conhecer o Mestre, era discípulo de João Batista. Após a dispersão dos Apóstolos, evangelizou na Ásia Menor, na Capadócia e possivelmente na Rússia, onde é venerado.  Com Bartolomeu, pregou em Epiro, Trácia, Galácia, Bitnia, Cítia, Danúbio e Acaía, países do Oriente Médio ou Europa Oriental. Diz a tradição que André foi pregado numa cruz em forma de X, e mesmo pregado, continuou ensinando o Evangelho até morrer. Mais tarde, esse tipo de cruz, ficou conhecida como Cruz de Santo André.

 


E os outros Apóstolos?


            Hoje escrevemos sobre os irmãos Pedro e André. Ainda faltam dez. Contaremos a vida deles na próxima semana.

sábado, 14 de setembro de 2002

Os Apóstolos de Cristo – Introdução

Iniciaremos hoje uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na terra.  Eles foram os homens que sentiram de perto todas as emoções de conviver com Deus.  Tocaram em Jesus, testemunharam curas e milagres, ouviram ensinamentos e parábolas, viram Jesus rir, chorar, emocionar-se, repreender, gritar, responder aos incrédulos, sofrer injúrias, morrer e ressuscitar.


Apóstolo – A palavra apóstolo significa enviado ou, segundo a tradição judaica, o que tem a mesma missão de quem o envia (Mt 10,40). O Novo Testamento relaciona por quatro vezes os nomes dos 12 Apóstolos: no Evangelho de Mateus (Mt 10,2-4), de Marcos (Mc 3,16-19), de Lucas (Lc 6,14-16) e no livro dos Atos dos Apóstolos (At 1,13).  O número 12 corresponde ao das doze tribos de Israel (Mt 19,28).


Os doze – Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, a quem chamavam Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o coletor de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, o traidor (Mt 10,2).


A ordem dos nomes – As quatro listas de nomes de apóstolos diferem, sobretudo, na ordem dos três nomes que seguem o de Pedro. Mt e Lc referem, sem dúvida, a ordem primitiva; Mc antepõe a André os filhos de Zebedeu, que formam com Pedro um trio privilegiado. O livro dos Atos dos Apóstolos coloca João à frente de Tiago, imediatamente depois de Pedro, decerto por causa da sua posição importante na Igreja primitiva.


Objetivos dos Apóstolos – A mensagem dos Apóstolos era o Evangelho ou Boa Nova. Eles levavam a notícia da crucificação e da ressurreição de Jesus a todos os seus ouvintes e discípulos. Os Apóstolos originais viajaram de Jerusalém para toda a Palestina, e muitos de seus ouvintes se tornaram discípulos. Depois disto muitos Apóstolos seguiram rumo a outras sinagogas para transmitir a mensagem divina de Jesus a todos de Israel e aos gentios.  Eles escolhiam, em todas as comunidades, alguns discípulos para assumirem o papel de líderes de congregações (sucessores dos Apóstolos).

 


O mais próximos de Jesus – Havia três (ou quatro) discípulos mais próximos de Jesus (Pedro, Tiago, João e, às vezes, André) que recebiam primeiramente os ensinamentos.  No anúncio da ruína do templo, os quatro discípulos “à parte, perguntavam-lhe” (Mc 13, 3), ou “os discípulos adiantaram-se a ele, à parte, e lhe disseram” (Mt 24, 3).  No Getsêmani “ele leva consigo Pedro, Tiago e João” (Mc 14, 33); na transfiguração “Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e os leva a sós, à parte, ao cimo de uma alta montanha” (Mc 9, 2).  O mesmo ocorre na cura da filha de Jairo (Mc 5,37). A Bíblia Tradução Ecumênica chega a afirmar que todo ensinamento era ministrado privadamente a esses quatro discípulos privilegiados, que retransmitiam aos outros.


Discípulos – Os discípulos eram os escolhidos pelos Apóstolos como coordenadores (líderes) das comunidades cristãs.  Confira em At 1,21-26 e At 6,2-7 a escolhe desses líderes.  Os discípulos mais conhecidos são: Barnabé (escolhido por Paulo), Estevão (da comunidade de Jerusalém), Timóteo (Paulo), Felipe (Samaria), o centurião Cornélio (Cesaréia), Silas, Matias e os evangelistas Marcos e Lucas.

 


E a história dos Apóstolos?


            Na próxima semana nós vamos começar a contar detalhes sobre a vida de cada um dos Apóstolos de Cristo.