Não é qualquer chão que serve para que uma árvore possa crescer. O canteiro, onde a semente da Bíblia criou raízes e de onde lançou os seus 73 galhos em todos os setores da vida, foi a celebração do povo oprimido, ansioso de se libertar.
A maior parte da Bíblia começou a ser decorada para poder ser usada nas celebrações, e foi escrita ou colecionada por sacerdotes e levitas, os responsáveis pela celebração do povo. Além disso, as romarias e as peregrinações, os santuários com as suas procissões, as festas e as grandes celebrações da aliança, o templo e as casas de oração (sinagogas), os sacrifícios e os ritos, os salmos e os cânticos, a catequese em família e o culto semanal, a oração e a vivência da fé, tudo isso marca a Bíblia, do começo ao fim!
O coração da Bíblia é o culto do povo! Mas não qualquer culto. É o culto ligado à vida do povo, onde este se reunia para ouvir a palavra de Deus e cantar as suas maravilhas; onde ele tomava consciência da opressão em que vivia ou que ele mesmo impunha aos irmãos; onde ele fazia penitência, mudava de mentalidade e renovava o seu compromisso de viver como um povo irmão; onde reabastecia a sua fé e alimentava a sua esperança; onde celebrava as suas vitórias e agradecia a Deus pelo dom da vida.
É também no culto que deve estar o coração da interpretação da Bíblia. Sem este ambiente de fé e de oração e sem esta consciência bem viva da opressão que existe no mundo, não é possível agarrar a raiz de onde brotou a Bíblia, nem é possível descobrir a sua mensagem central.
A mensagem central da Bíblia
Qual é, em poucas palavras, a mensagem central da Bíblia? A resposta não é fácil, pois depende da vivência. Se você gosta de uma pessoa e alguém lhe pergunta: "Qual é, em poucas palavras, a mensagem desta pessoa para você?", aí não é fácil responder. O resumo da pessoa amada é o seu nome! Basta você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome, e este lhe traz à memória tudo o que a pessoa amada significa para você. Não é assim? Pois bem, o resumo da Bíblia, a sua mensagem central, é o Nome de Deus!
O Nome de Deus é Javé, cujo sentido ele mesmo revelou e explicou ao povo (cf. Ex 3,14). Javé significa Emanuel, isto é, Deus conosco, Deus presente no meio do seu povo para libertá-lo. Deus quer ser Javé para nós, quer ser presença libertadora no meio de nós! E ele deu provas bem concretas de que esta é a sua vontade. A primeira prova foi a libertação do Egito. A última prova está sendo, até hoje, a ressurreição de Jesus, chamado Emanuel (cf. Mt 1,23). Pela ressurreição de Jesus, Deus venceu as forças da morte e abriu para nós o caminho da vida.
Por tudo isso é difícil resumir em poucas palavras aquilo que o Nome de Deus evocava na mente, no coração e na memória do povo por ele libertado. Só mesmo o povo que vive e celebra a presença libertadora de Deus no seu meio, pode avaliá-lo.
Na nossa Bíblia, o Nome Javé foi traduzido por Senhor. É a palavra que mais ocorre na Bíblia. Milhares de vezes! Pois o próprio Deus falou: "Este é o meu Nome para sempre! Sob este Nome quero ser invocado, de geração em geração!"(Ex 3,15). Faz um bem tão grande você ouvir, lembrar ou pronunciar o nome da pessoa amada. Aquilo ajuda tanto na vida! Dá força e coragem, consola e orienta, corrige e confirma. Um Nome assim não pode ser usado em vão! Seria uma blasfêmia usar o Nome de Deus para justificar a opressão do povo, pois Javé significa Deus libertador!
O Nome Javé é o centro de tudo. Tantas vezes Deus o afirma: "Eu quero ser Javé para vocês, e vocês devem ser o meu povo! "Ser o povo de Javé significa: ser um povo onde não há opressão como no Egito; onde o irmão não explora o irmão; onde reinam a justiça, o direito, a verdade e a lei dos dez mandamentos; onde o amor a Deus é igual ao amor ao próximo. Esta é a mensagem central da Bíblia; é o apelo que o Nome de Deus faz a todos aqueles que querem pertencer ao seu povo. (Editora Vozes. Bíblia Sagrada - Editora Vozes (24) 237-5112 - www.vozes.com.br)
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