sábado, 16 de março de 2013

Houve cataclismos no dia em que morreu Jesus?


Conforme a Bíblia, coisas estranhas aconteceram na longínqua sexta-feira, 7 de abril do ano 30, que os cristãos chamam de Sexta-feira Santa.  

Condenação – O governador da Judéia, Pôncio Pilatos, acabava de autorizar a morte de Jesus sob uma tríplice acusação política: era um agitador social, incitava o povo a não pagar impostos ao Imperador e havia se autoproclamado rei (Lc 23,2). O castigo era a crucifixão, um dos mais comuns da época. 

Execução – Por volta das nove horas da manhã (Mc 15,25), o pelotão de soldados romanos partiu do palácio do governador até uma colina próxima, onde executou a sentença. E esperou ao pé da cruz a morte do condenado.  

Cataclismos – Mas, de repente, aconteceu o inesperado: “Desde o meio-dia até às três da tarde toda a Terra ficou coberta de escuridão” (Mt 27,45). Na Palestina, ver o Sol ardente do meio-dia obscurecer-se, deve ter sido um espetáculo impressionante. Mas isso não foi tudo. São Mateus conta que lá pelas três da tarde Jesus deu um forte grito e expirou. E então “eis que o véu do Templo se rasgou de alto a baixo em duas partes, a terra tremeu e fenderam-se as rochas. Abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos ressuscitaram e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição de Jesus, vieram à cidade santa e apareceram a muitos” (Mt 27,51-53).  

Cinco fenômenos – Segundo Mateus (27,51-53), no dia em que Jesus morreu aconteceram cinco prodígios: trevas ao meio-dia, tremor de terra, rochas que se partiram, tumbas que se abriram, corpos de santos falecidos que se levantaram e apareceram a muitos. É possível explicar isso? 

A escuridão – Uns 750 anos antes do nascimento de Jesus, o profeta Amós vivia na cidade de Samaria, capital do reino de Israel. Enormes injustiças e um contraste brutal entre ricos e pobres afligia o povo. Amós anunciava uma mensagem da intervenção de Deus: “Acontecerá naquele dia que farei o sol declinar em pleno meio-dia e escurecerei a terra em um dia de luz” (Am 8,9). O povo, então, começou a aguardar a chegada deste novo amanhecer, o dia em que Deus livraria todo o povo de sua dor e de suas injustiças. Começou a memorizar o sinal e a suspirar por este dia e passou a chamá-lo de “o dia de Javé”. 

O terremoto – Poucos anos mais tarde apareceu outro grande profeta, cujo nome era Isaías. A ele coube viver numa época muito difícil do reino de Judá. E foi lá pelo ano 740 a.C., que pronunciou um célebre sermão, proclamando a chegada do “dia de Javé” (Is 2,6-22). E três vezes repete este mesmo sinal (terremotos) em seu discurso (Is 2,10.19.21) para que o povo não se esqueça. O povo viu renascer novamente sua esperança no dia da manifestação de Deus. 

As rochas – Em 587 a.C., o povo de Israel foi levado cativo para a Babilônia onde permaneceu durante 50 anos. Ao regressar, surgiu o profeta Zacarias (300 a.C.), que falou sobre a necessidade de purificar o povo. Em uma de suas últimas predições (Zc 14,1-21), afirma que o “dia de Javé” não está muito longe. Nesse dia as rochas se fenderão, especialmente as do Monte das Oliveiras, localizado defronte a Jerusalém (Zc 14,4). Assim Zacarias predisse o terceiro sinal do dia de Javé. 

As tumbas – Três séculos antes (592 a.C.), muitos quilômetros dali, na Babilônia, surgia o profeta Ezequiel. O seu anúncio consistia na chegada de uma nova época para o mundo todo. Ezequiel faz um anúncio impressionante da chegada daquele dia de Javé: “Assim diz o Senhor Deus: ó meu povo, vou abrir vossas sepulturas! Eu vos farei sair de vossas sepulturas e vos conduzirei para a terra de Israel” (Ez 37,12). Acrescenta assim um quarto sinal aos três já dados pelos profetas anteriores sobre o “dia de Javé”.  

Os mortos – Faltava um último sinal, aquele dado pelo livro de Daniel. Esta obra foi provavelmente escrita por volta do ano 167 a.C., num momento muito difícil para os judeus. Daniel dá um sinal sobre aqueles santos que morreram dolorosamente na perseguição: “Muitos que dormem na terra poeirenta despertarão” (Dn 12,2). É a primeira vez que na Bíblia se anuncia a ressurreição dos mortos. Podemos imaginar o impacto que isso produziu entre os judeus, que fixaram para sempre a lembrança do fato como sinal da chegada do “dia de Javé”.
 
Sinais – Vemos, pois, como os profetas do Antigo Testamento foram dando esses cinco sinais indicadores que serviriam para conhecer a chegada de um dia muito especial, o “dia de Javé”. Na verdade tratava-se de uma linguagem simbólica. Queriam dar a entender que haveria mudanças muito notáveis na história. Mateus, quando descreve os cinco fenômenos que acompanham a paixão de Cristo, não pretendia relatar fatos realmente acontecidos. Simplesmente se propôs a afirmar uma verdade teológica, mediante imagens tomadas dos profetas do Antigo Testamento. Estamos, pois, diante de um relato simbólico que é preciso interpretar corretamente e não entender literalmente. Com sua descrição, pretendeu evocar o “fim do mundo” ou, pelo menos, o “fim de um mundo”. Com a morte de Jesus iniciou-se uma nova era na humanidade, o novo tempo da salvação.

sábado, 9 de março de 2013

Pôncio Pilatos : briguento e obstinado


Uma das críticas feitas ao filme “Paixão de Cristo” é que Pilatos é retratado como uma pessoa fraca e indecisa. De acordo com estudiosos, porém, Pilatos era um Governador enérgico, romano até a medula e com uma idéia fixa: a fidelidade ao imperador.  

Fraco? – De acordo com Marta Sordi (professora de História grega e romana, por 25 anos, na Universidade Católica de Milão e pesquisadora das relações entre cristianismo e império romano), Pôncio Pilatos não era um tipo indeciso, "Era um governador enérgico". Para Giuseppe Ricciotti (escritor do livro Vida de Jesus Cristo), Pilatos era "briguento" e "obstinado". Enfim, era um tipo duro, romano ao extremo; um funcionário que tinha por ideal a fidelidade ao imperador e que pecou por excesso de zelo: em 36, seis anos depois da morte de Cristo, expulsou, com energia, uma multidão de samaritanos para o monte Garizim. 

Saindo da história - Os samaritanos, que eram inimigos dos judeus e aliados dos romanos, recorreram a Tibério. E o pobre Pilatos foi chamado de volta a Roma. Desde então, saiu da história e sua figura foi remodelada por lendas. Tornou-se, para muitos, o homem que urdiu a condenação de Jesus Cristo à morte, o que é um erro: o Sinédrio decretou a morte do Messias. Como não era possível aos judeus, condenar alguém à pena capital, a última palavra cabia a Roma, por isso recorreram a Pilatos. Eis por que ele entrou na história: a condenação, decidida por razões religiosas, foi mascarada com as cores da política e Jesus foi apresentado como um perigoso agitador político.  

Duelo – Para conseguir o que queriam, os judeus usaram uma tática arriscada, mas vitoriosa, levada em frente à base da chantagem: Pilatos algumas vezes já havia provocado os judeus, mostrando os símbolos da dominação romana e os judeus haviam reagido recorrendo a Tibério. O próprio evangelho de Lucas, no capítulo treze, fala de outra intervenção de Pilatos, contra os galileus, que terminou com um banho de sangue. Enfim, os sumos sacerdotes e seus ilustres padrinhos sabiam como atingir o Governador: o imperador Tibério.  

Superarma - A "superarma" (a chantagem), porém, só foi mostrada no final de um extenuante duelo. Pilatos tinha o sentimento do Direito e sua função era fazer respeitar a lei; além disso, nutria por aqueles chefes do judaísmo um sentimento de desprezo e de confronto e via aí, portanto, uma ótima ocasião para contradizê-los em nome da lei. Enfim, tinha boas razões para absolver o acusado e aplicar um golpe nos chefes do povo, que não suportava. Viu naquele momento uma oportunidade de dar uma lição naquelas pessoas.  

Diálogo com Jesus - "Tu és o rei dos judeus?", "Dizes isso por ti mesmo ou foram outros que te disseram a meu respeito?", "O que fizeste?", "O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, meus servidores teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. O meu reino não é daqui". Um diálogo breve, mas suficiente para compreender que o Messias não era, de fato, um subversivo; a sua pregação podia até desarmar as mensagens de violência que sempre estavam presentes no meio da Palestina. No máximo, pensou que tinha diante de si um visionário: "Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz". "O que é a verdade?", perguntou. E a tentativa de abrir o diálogo se defrontou com o clamoroso silêncio de Cristo, que havia preenchido todo o cenário com a sua presença. "Não me respondes, não vês de quantas coisas estás sendo acusado?". Jesus tinha se calado, porque a verdade fala sem precisar de palavras e não necessita de didática nem de observações. 

Cartas - Antes de perder a “partida”, Pilatos apostou pelo menos em três “cartas”. Primeiro, enviou o prisioneiro a Herodes Antipas, o rei de um Estado fantoche. Pilatos tentou, assim, reaproximar-se do Tetrarca, com quem estava meio estremecido. Além disso, como pessoa prática e experiente, estava convencido de que seria fácil acabar com o “caso Jesus”. Alcançou o primeiro objetivo, tornando-se bom amigo do tirano; mas fracassou quanto ao segundo. Herodes mandou Jesus de volta. A esta altura, Pilatos, sempre se equilibrando entre as exigências da política e as razões da justiça, tentou uma segunda saída: "Portanto, depois de castigá-lo – comunicou – vou colocá-lo em liberdade". 

O "prêmio de consolação" – Segundo Ricciotti, o verdadeiro erro dialético dessa conclusão está nesse “portanto”. Se nem Pilatos nem Herodes tinham encontrado culpa alguma, nem nada que justificasse condená-lo à morte, como justificar esse “portanto”’? Prometendo o “prêmio de consolação” do flagelo, punição terrível, que em geral terminava com a morte, Pilatos dava mais um passo em falso. E apressou o tombo com a promessa de libertar um prisioneiro, pedindo que o povo escolhesse entre Jesus e Barrabás. A previsão de que Jesus seria o escolhido demonstra que ele tinha pouco conhecimento da nação que governava, bem como dos guias espirituais do povo. A ideia de colocar nas ruas o terrorista Barrabás tornou-se uma faca de dois gumes.

Golpe fatal - E os acusadores foram para o golpe fatal: "Se soltas (Jesus) não és amigo de César. Quem quer que se faça rei, opõe-se a César". Diante desse argumento, Pilatos, homem de carne e osso, magistrado romano despido de qualquer preocupação religiosa, cioso apenas da sua posição em Roma e da sua carreira política, não podia mais permanecer titubeante. Foi tomado pelo medo de ser driblado mais uma vez e ter de ouvir uma repreensão do próprio Tibério. Os inimigos de Jesus contra-atacaram: "Crucifica-o, crucifica-o". "Crucificar o vosso rei?". "Só temos um rei, que é César". Era o fim. Pilatos viu que não havia saída. O povo e seus mais ilustres representantes proclamavam só reconhecer como único e exclusivo rei, o César de Roma: evidentemente, o representante de César em Roma não podia expressar um parecer diverso desse e também, para não ferir os sentimentos religiosos dos acusadores, tinha de mandar crucificar aquele falso rei.

sábado, 2 de março de 2013

A morte de Jesus e a perseguição dos judeus

Origem – Durante o julgamento de Jesus, a multidão pronunciou uma frase que involuntariamente marcou a história e o destino do povo judeu na sua relação com os cristãos: "O seu sangue (de Jesus) caia sobre nós e sobre nossos filhos!" (Mt 27,25). Este grito foi interpretado ao longo dos séculos como uma maldição do povo judeu que caiu sobre si mesmo, tomando a responsabilidade pela morte de Jesus. Este versículo tem servido para justificar as atrocidades e perseguições cometidas contra este povo, como se estivessem sofrendo um castigo divino. 

A água liberta – Quando os líderes judeus levaram Jesus a Pilatos para ser julgado, o governador romano percebeu que, por inveja, o haviam entregado, e tentou libertá-lo. Usando de uma artimanha, apresentou Jesus junto com um famoso preso chamado Barrabás, para escolher quem seria solto. Os chefes dos sacerdotes e os líderes judeus convenceram a multidão a pedir a liberdade do infrator (Mt 28,15-18). Pilatos viu frustrado seu estratagema, disse que os judeus não podiam condenar Jesus à morte, porque não havia um crime. As pessoas, impulsionadas pelos altos sacerdotes, começaram a gritar: "Crucifica-o, crucifica-o" (Mt 27,22-23). Pilatos fez um último gesto simbólico, lavando as mãos, dizendo: "Eu não sou responsável pelo sangue deste justo. A responsabilidade é vossa" (Mt 27,24).  

Mãos judaicas – É muito difícil acreditar que Pilatos tenha feito este gesto, pois a lavagem das mãos como uma expressão de inocência pública é um costume judaico, estabelecido por Moisés no Antigo Testamento (veja em Dt 21,1-9; Sl 26,6; Sl 73,13). É muito improvável que Pôncio Pilatos, sendo romano, tenha realizado um ritual próprio da cultura hebraica. Por isso, muitos autores afirmam que a cena é uma criação do evangelista Mateus. 

A ameaça de Jeremias – Em resposta ao ato de Pilatos, o povo judeu gritou: "Seu sangue (de Jesus) caia sobre nós e sobre nossos filhos" (Mt 27,25). Esta é uma das frases mais desconcertantes do Novo Testamento. É realmente uma fórmula jurídica do Antigo Testamento, o que indicava que a pessoa deveria assumir a responsabilidade por um crime e sofrer o castigo correspondente, que era a morte (veja em Lv 20,9; Lv 20,11; Lv 20,13; 1Sam 1,16). Também o profeta Jeremias disse às autoridades de Jerusalém: "Sei que se eu for morto, sangue inocente cairá sobre você e toda a cidade" (Jr 26,15). É claro o significado da frase no Evangelho de Mateus: a multidão presente no julgamento de Jesus assumiu a responsabilidade pela sua execução. 

Que significado tem esta cena? Desde os tempos antigos têm sido interpretada para significar que todos os judeus, de todos os tempos, são responsáveis pela morte de Jesus. Um dos primeiros a defender essa posição foi Orígenes (século III), que ensinou que o sangue de Jesus "estava sobre todas as gerações posteriores de judeus, até o fim dos tempos." A mesma opinião foi Melito de Sardes (séc. II), Santo Agostinho (séc. IV), São Jerônimo (séc. IV), João Crisóstomo (séc. IV), Teofilato (séc. IX), Tomás de Aquino (séc. XIII) e Calvino. Lutero disse que a miséria em que os judeus viviam em seu tempo e sua condenação posterior, foi porque eles haviam rejeitado o Filho de Deus.  

Para complicar – Para piorar as coisas, em seu último discurso público, Jesus recordou os judeus que derramaram muito sangue inocente em toda a história, "desde o justo Abel até Zacarias" (Mt 23,34-35). Abel era filho de Adão e Eva, morto por seu irmão Caim, e Zacarias foi um famoso sacerdote de Jerusalém, no século IX a.C., que foi incentivado a denunciar a imoralidade em que viviam os israelitas, morrendo apedrejado no pátio do Templo. E conclui o sermão com uma frase assustadora: "Em verdade vos digo: todos esses crimes pesam sobre esta raça." (Mt 23,36).  

Sangue na Última Ceia – Podemos encontrar uma solução para este problema na cena da Última Ceia (Mt 26,26-29). No final da refeição, Mateus afirma que Jesus disse: "Bebei dele todos, pois este é o meu sangue da aliança, que é derramado por muitos" (Mt 26,28). E então ele acrescentou, "para o perdão dos pecados" (Mt 26,28). Curiosamente, embora os três Evangelhos sinópticos e São Paulo (Mateus 26,28, Marcos 14,24, Lucas 22,20, 1Cor 11,24) descrevam a Última Ceia, Mateus é o único que esclarece que o sangue servirá para perdoar os pecados. A frase dita à multidão reunida no tribunal, que o sangue de Jesus cairia sobre a cabeça dos judeus e de seus filhos (ou seja, todos os descendentes seus), não é para amaldiçoar ou condenar e sim para perdoá-los de seus pecados. A multidão reunida nesse dia no palácio do governador pediu a morte de um condenado e, na realidade, sem se dar conta, obteve um ato salvador.  

Sarcasmo – A ironia do escritor bíblico é fantástica: alguém desatento pode pensar que o sangue de Jesus contaminou o povo judeu, entretanto, o que realmente intencionava era absolvê-lo e liberá-lo – não apenas daquela ação equivocada, mas de tudo o que pudesse ter existido em seu passado, desde o sangue de Abel até Zacarias. Assim, cumpre-se o programa que Mateus havia anunciado quando um anjo aparece para José e diz que a criança nascida de Maria “vai salvar o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).  

Portas abertas – O grito do povo judeu naquela manhã, no palácio de Pilatos, abriu as portas da salvação e do perdão a toda a humanidade, a começar por aqueles que pareciam mais distantes. Mantê-las abertas para todos os povos, continua hoje a missão de tantos quantos lerem o Evangelho do judeu Mateus.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Por que Judas traiu Jesus?


Existe um personagem da história cujo nome se transformou em sinônimo de traição e desprezo: Judas Iscariotes. O que teria levado Judas a trair Jesus? 

Quem era – O seu nome era Judas e seu apelido era Iscariotes, que significa homem (ish) de Kariot (cariote), um povo do sul da Judéia.  Portanto, Judas era o único dos doze apóstolos que não era Galileu. Judas era um nacionalista fanático e violento, pertencente a um grupo político chamado “sicários”, cujo objetivo era expulsar os romanos da Palestina por qualquer meio. 

O Apóstolo – Durante a convivência de Jesus com os apóstolos, em nenhum momento Judas aparece desempenhando uma missão menos digna que os seus companheiros. Pelo contrário, suas qualidades de afeto e fidelidade a Jesus e de interesse por seus colegas era tal que ele havia sido nomeado tesoureiro do grupo (Jo 12,6).  O que foi, portanto, que levou este discípulo a entregar Jesus nas mãos de seus inimigos?  Existem três possíveis razões para isso. Vamos analisá-las. 

Por avareza – A maioria das pessoas é levada a pensar que a razão da traição de Judas foi o apego ao dinheiro. É o mais óbvio. Existem três passagens dos Evangelhos que confirmam esta hipótese: que ele vendeu Jesus por 30 moedas (Mt 26,15); que ele protesta contra a mulher que lavou os pés de Jesus com perfume caro, dizendo que poderia tê-lo vendido por um bom preço (Jo 12,4); e que o Evangelho lhe acusa de ladrão (Jo 12,6). 

Judas avarento? – Se analisarmos as três passagens, vamos perceber alguns detalhes: apenas Mateus cita a entrega de Jesus por 30 moedas; Marcos dá a entender que Judas traiu sem pedir nada em troca e os sacerdotes prometeram dar-lhe dinheiro (Mc 14, 10-11). Talvez o valor de 30 moedas de prata tenha sido citado por Mateus para cumprir a profecia de Zc 11,12.  Quanto ao caso do perfume, Mateus nos conta que não foi apenas Judas que ficou indignado, mas que todos os apóstolos reprovaram o ato (Mt 26,8). Por que apenas Judas era ambicioso? A indicação do termo “ladrão” no Evangelho de João pode ser atribuída a uma tradição de imputarem‑se muitas culpas a Judas. Dificilmente os apóstolos iriam dar a tesouraria do grupo a um ladrão. 

Por ódio – A segunda razão da traição pode ser que Judas havia visto em Jesus um líder influente e poderoso, com força (em suas palavras e milagres) de encabeçar uma grande rebelião judaica contra os romanos. Depois de comprovar que Jesus tomou outro caminho, o caminho do amor e da não violência, fazendo até favores e milagres aos soldados romanos, sua devoção se converteu em amarga desilusão e profundo ódio, o que lhe levou a buscar a morte de Jesus.  

Pouco convincente – Esta segunda hipótese é pouco convincente. Se Judas tivesse ódio de Jesus e quisesse a sua condenação teria dado testemunho contra Jesus no Sinédrio, quando os Sumos Sacerdotes procuravam quem o acusasse (Mt 26, 59-60). Ao contrário, após a prisão no Getsemani, Judas desaparece. Se tivesse ódio, certamente apareceria durante a Paixão. O seu suicídio é outro fato que mostra o seu desespero, não combinando com a hipótese de ódio. 

Por amor – A terceira hipótese supõe que Judas nunca desejou a morte de Jesus. Judas era um homem nacionalista e violento, com sonhos de poder e grandeza, via no seu Mestre o caminho para realizar o seu sonho. Mas Jesus ensinava que, para instalar o seu Reino, teria que passar pela Paixão, com sofrimentos. A fé de Judas teria passado por crises, tendo resistência a seguir Jesus por este caminho. Não quer que seu Mestre sofra, mas quer impor seus critérios humanos de poder. 

Ainda por amor – Ao ver que Jesus não se decidia a instalar o Reino que tanto falava, quis obriga-lo a atuar. Tinha certeza que, ao ser pressionado, Jesus reagiria. Ao ver-se cercado por soldados romanos, entre a espada e a parede, Jesus faria um grande milagre, acabaria com a ocupação estrangeira e instalaria, por fim, o Reino que ouvira dizer nas pregações. Judas estava equivocado. 

Igreja – A Igreja nunca condenou Judas e não poderá fazê-lo, pois sua missão é declarar quem são os que estão salvos (os santos), mas nunca os condenados. Nem as palavras de Jesus sobre Judas “Melhor fora não ter nascido” (Mc 14,21) indicam uma condenação eterna. Orígenes diz que Judas ao suicidar-se, apressou seu encontro com Jesus para (com a alma aberta) implorar o perdão.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Jesus nasceu em Belém ou Nazaré?


Quando nos perguntam onde Jesus nasceu, a resposta é simples: Jesus nasceu em Belém. Aprendemos desde crianças a celebrar o Natal e todos os anos nós cantamos canções em torno do presépio, louvando o Messias nascido em Belém. No entanto, se nós analisarmos cuidadosamente os Evangelhos do Novo Testamento, vamos descobrir que a resposta não é tão fácil.  

O nascimento – É verdade que os dois evangelistas, Mateus e Lucas, afirmam claramente que Jesus nasceu em Belém. Mateus diz: "Quando Jesus nasceu em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes" (Mt 2,1). E Lucas escreve: "Quando eles (José e Maria) estavam ali (em Belém), ela deu à luz o seu filho primogênito" (Lc 2,6). Porém, os outros dois evangelistas, Marcos e João, apresentam Jesus como se tivesse nascido em Nazaré. Na verdade, Ele sempre foi chamado de "Jesus de Nazaré"; e sabemos que, na Bíblia, quando após o nome de uma pessoa é mencionada uma cidade, é porque se trata de seu local de nascimento. Assim, fala de Paulo de Tarso (Atos 9,1), José de Arimateia (Mc 15,43), Lázaro de Betânia (Jo 11,1), Simão de Cirene (Mt 27,32), Amós de Tecoa (Am 1,1) ou Miquéias de Morasti (Mq 1, 1). Qual seria então o local de nascimento de Jesus: Belém ou Nazaré? Vamos olhar mais de perto para as provas.  

Falam os evangelistas – Marcos sugere que Jesus nasceu em Nazaré: na narrativa do batismo, diz que Ele "veio de Nazaré da Galileia" (1,9), sem mencionar qualquer cidade. Quando Jesus vai a Nazaré, afirma que "ele foi para a sua pátria" (6,1) e “patris” (grego), significa "lugar de nascimento". Isto é confirmado pelo próprio Jesus, quando, em Nazaré, diante de escandalizados ouvintes de seus ensinamentos, exclama: "Um profeta só não é valorizado na sua própria pátria" (6,4). Além disso, todos o chamam de Jesus de Nazaré: o endemoninhado de Cafarnaum (1,24), o servo do Sumo Sacerdote (14,67), o anjo do túmulo (16,6), e até mesmo Marcos (10,47). O quarto evangelista, São João, também afirma que Jesus nasceu em Nazaré. Ele começa apresentando-o como "um profeta de Nazaré" (Jo 1,45). E todos estão tão convencidos que Jesus é de Nazaré, que Natanael não quer crer nele, dizendo: “pode sair algo bom de Nazaré?” (Jo 1,46).  

Nazaré: vilarejo – Na verdade, Nazaré era uma cidade desconhecida, pequena e de má reputação. Tão insignificante que, no Antigo Testamento, nunca é mencionada. Mesmo quando o livro de Josué descreve em detalhes a região da Galileia (Josué 19,10-16), não cita Nazaré. Nem mesmo Flavio Josefo, o grande historiador judeu do primeiro século, ao descrever as guerras judaicas, cita 54 cidades da Galileia, mas ignora completamente Nazaré. No Talmud, uma coleção de antigos escritos judaicos, são enumeradas 63 cidades da Galileia - e Nazaré está ausente.  

Evidências – Nos Evangelhos, o texto mais claro sobre o nascimento de Jesus está em Jo 7, 40-42. Em uma discussão, alguns judeus rejeitavam Jesus como o Messias por ter nascido em Nazaré e não em Belém. “O Cristo pode vir da Galileia? Não está na Escritura que o Cristo será da descendência de Davi e virá de Belém, o povoado de Davi?”. No Novo Testamento, portanto, as duas vezes em que se afirma que Jesus nasceu em Belém são as narrativas da infância, de Mateus e Lucas. Pelo contrário, em outras 20 passagens, os Evangelhos sugerem o nascimento em Nazaré. 

Razões – Quando Marcos escreveu seu Evangelho, dirigia-se a leitores de origem pagã e não havia problema em manter a memória de que o nascimento de Jesus se dera em Nazaré. Mas, quando Mateus e Lucas escreveram para os cristãos do judaísmo, havia a necessidade de apresentar Jesus como o verdadeiro Messias esperado por Israel, o descendente de David. Então, ambos os evangelistas, para expressar essa ideia, recorreram à narrativa teológica (e não histórica) do seu nascimento em Belém. Assim, Mateus apresentou o nascimento de Jesus em Belém porque sua família estava lá (Mt 2,11) e Lucas apresentou Jesus nascido em Belém em razão de um censo (Lc 2,1). João apresenta Jesus vindo dos céus, como Filho de Deus, ou seja, a sua terra natal não tinha nenhum interesse. 
 
Afinal, onde nasceu? – Muito provavelmente, Jesus nasceu em Nazaré, no ano 7 (ou 6) a.C., não no dia 25 e muito menos no mês de dezembro. Saber disso significa que deveríamos abandonar as tradições de Natal ou colocar de lado as canções que falam de Belém? Não mais montar os presépios e desistir das peregrinações à cidade de Belém, para visitar a gruta do nascimento? Claro que não. Dizer que Jesus nasceu em Belém continua a ser para nós, como foi para os primeiros cristãos, uma afirmação fundamental. Equivale a dizer que Deus, apesar de ser onipotente e poderoso, escolheu uma pequena cidade, preferiu optar pelo mais fraco, pelos humildes, pelos oprimidos e pela mansidão. Significa que um Messias frágil e débil basta para quebrar o poder dos poderosos deste mundo. E que quem afirma seguir a esse Messias, deve empregar suas mesmas armas.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Os seus primeiros discípulos


No trecho do Evangelho lido neste domingo, Jesus chama os primeiros apóstolos. E começa com Simão, Tiago e João, convidando-os a serem pescadores de homens. 

Época – Estamos na Galiléia, no início do ministério de Jesus, por volta do mês de maio/junho do ano 28 d.C.. Jesus já apresentou o seu programa na Sinagoga de Nazaré, como anúncio da Boa Nova aos pobres e proposição da libertação para os prisioneiros… Agora, já é possível notar os primeiros resultados da atividade de Jesus: à sua volta começa a formar-se o grupo dos que foram sensíveis a essa proposta de salvação e seguiram Jesus. 

Hebreus – No Antigo Testamento, as narrativas de vocação são feitas em estilo literário próprio, com sinais extraordinários e visões, como vemos na vocação de Isaías (veja a primeira leitura da missa). No Novo Testamento, a vocação de Paulo, descrita em Atos, também é narrada em estilo semelhante. Não tendo sido chamado diretamente por Jesus em sua vida, Paulo – a partir da visão de Jesus ressuscitado (veja segunda leitura da missa) – reivindica para si o título de apóstolo. 

Lago – Jesus adota um estilo próprio, convocando as pessoas para fazerem parte de seu grupo. O evangelista Lucas apresenta o chamado destes discípulos no contexto do ensino de Jesus. Jesus inicia seu ministério em Cafarnaum, à beira do "mar" (aí o Rio Jordão forma um grande lago, conhecido na região como "Mar da Galileia"). Lucas o chama de "Lago de Genesaré". O centro desta narrativa é o anúncio de Jesus. 

Ensino – Jesus estava na margem do Lago de Genesaré e a multidão apertava-se ao seu redor, para ouvir a palavra de Deus. Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago e, subindo na barca de Simão, pediu que se afastasse um pouco. Depois se sentou e, da barca, ensinava as multidões. A barca (instrumento de pesca para Simão) passa a ser usada por Jesus para anunciar a Palavra da Boa-Nova à multidão. E é na adesão a esta Palavra que se obtêm bons resultados, imprevisíveis, como mostra a pescaria abundante. 

Pesca – Jesus disse a Simão: "Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes". Simão respondeu: "Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes". Assim fizeram e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Então, fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram e encheram as duas barcas. Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!" A pesca imprevista e abundante, sob a orientação de Jesus, é uma confirmação da força de sua palavra.  

Pescadores de homens – Tiago e João, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: "De hoje em diante tu serás pescador de homens". Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus. Na pessoa de Simão, estes pescadores são também chamados por Jesus a assumirem o anúncio da Boa-Nova. 

Reflexões – O texto do Evangelho nos propõe cinco reflexões: 

Ser cristão é... estar com Jesus “no mesmo barco” (a comunidade cristã), de onde a Palavra de Jesus se dirige ao mundo, propondo a todos a libertação. 

Ser cristão é... escutar a proposta de Jesus, fazer o que Ele diz, cumprir as suas indicações, lançar as redes ao mar. Às vezes, as propostas de Jesus podem parecer ilógicas, incoerentes, ridículas; mas é preciso confiar incondicionalmente, entregar-se nas mãos d’Ele e cumprir à risca as suas indicações. 

Ser cristão é... reconhecer Jesus como “o Senhor”: é o que faz Pedro, ao perceber como a proposta de Jesus gera vida e fecundidade para todos. O título “Senhor” (grego, “Kyrios”) é o título que a comunidade cristã primitiva dá a Jesus ressuscitado. 

Ser cristão é... aceitar a missão que Jesus propõe: ser pescador de homens. Trata-se de salvar o homem de morrer afogado no mar da opressão, do egoísmo, do sofrimento, do medo. 

Ser cristão é... deixar tudo e seguir Jesus. Esta alusão ao desprendimento do discípulo é típica de Lucas: expressa que a generosidade e o dom total devem ser sinais distintivos das comunidades e dos crentes que seguem Jesus.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A casa de Jesus


Na última semana, descrevemos a cidade onde Jesus morou, durante a sua pregação. Por ter morado na cidade de Cafarnaum, entre o final do ano 27 e abril do ano 30 d.C., esta cidade ficou conhecida como “A cidade de Jesus”. Lembramos que Jesus nasceu na cidade de Belém, na Judéia (no ano 7 a.C.), foi criado em Nazaré (por isso foi chamado de Jesus de Nazaré ou Nazareno e, no ano 27 d.C., com 33 anos de idade, foi morar em Cafarnaum, que se tornou a sede de sua pregação. Jesus morreu crucificado na sexta-feira, 7 de abril do ano 30 (com 36 anos), e ressuscitou no domingo, 9 de abril. 

Pesquisas – Na década de 1970, foram feitas escavações nas ruínas da cidade de Cafarnaum. A primeira constatação foi que a cidade era muito pobre, as paredes das casas eram construídas com grossas pedras de basalto negro, sem polir, postas umas sobre as outras, sem argamassa. Os pisos das casas eram de terra ou estavam cobertos com pequenas pedras lisas. 

Surpresa – Entre todos aqueles ambientes escavados, apareceu uma estranha habitação. Tinha o dobro do tamanho das outras casas e algo incomum: o piso era feito com cal, bem acabado, em várias camadas, o que mostrava que fora refeito várias vezes, pelo desgaste. As paredes tinham revestimento interno de argamassa e os pedaços de reboco, que estavam caídos no piso, tinham desenhos geométricos e pinturas florais. O que mais chamou a atenção foram 175 fragmentos das paredes com inscrições (em grego, sírio e aramaico) com as palavras “Senhor”, “Cristo”, “Deus”, “Amém” e “Pedro”. 

Pergunta – O que havia de particular naquela casa de Cafarnaum? Era a única com piso pavimentado e paredes decoradas. Os arqueólogos concluíram que se tratava da casa humilde de um pescador (Pedro), que a havia emprestado para Jesus viver, enquanto se encontrava na cidade. As inscrições nas paredes eram de visitantes cristãos que visitaram Cafarnaum nos primeiros séculos do cristianismo, fazendo da casa local de veneração. 

Pedro – A casa de Simão Pedro estava situada em um dos quarteirões, nas imediações do lago. Em Cafarnaum não existiam casas individuais, mas habitações de famílias ou coletivas: as habitações, construídas em pedra, agrupavam-se ao redor de um único pátio, para várias famílias. As diversas habitações não tinham porta, permanecendo sempre abertas para o pátio. Uma única porta comunicava a rua ao pátio. Ali se amassava e assava o pão, em fornos coletivos; as mulheres moíam o trigo e os artesãos faziam seus trabalhos manuais. 

A casa – O pátio da casa de Pedro tinha aproximadamente 84 m2, totalizando sete habitações. Conforme Marcos (1, 29), na casa moravam Simão (Pedro) e seu irmão André. Devemos considerar que todos tinham mulheres e filhos, além da sogra de Pedro, que podia ter marido e outros membros da família. A primeira vez que Jesus entrou na casa foi para curar a sogra de Pedro, que estava enferma, e os apóstolos “falaram-lhe a respeito dela”. Isso mostra que Jesus não teve a possibilidade de vê-la, pois se encontrava em outra habitação. 

Impostos – Nesta casa, aconteceu o episódio contado em Mateus 17, 24-27: os cobradores de impostos, ao verem Pedro entrar com Jesus na casa, chamaram o apóstolo, dizendo: “O seu Mestre não paga os impostos ao Templo”. Pedro contestou: “Claro que sim”. E entrou silencioso na casa para buscar o dinheiro. Jesus adiantou-se dizendo: “Simão, vai até o lago, lança o anzol e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali encontrarás uma moeda valendo duas vezes o imposto; pega-a e entrega a eles por mim e por ti”. Por que os cobradores se dirigiram a Pedro para cobrar o imposto? Certamente porque Jesus, como hóspede permanente de Pedro, já era considerado membro da família. 

Teto – Nas casas da cidade não havia cobertura, como nas casas atuais. Devido à raridade de chuvas na região da Galileia, os telhados das casas consistiam em travessões de madeira com um entrelaçado de ramos com folhas e se colocava em cima uma massa de terra e palha. Este sistema de telhado durava um ano e deveria ser reparado antes da estação das chuvas. Para esta manutenção, existia na parte externa da casa uma escada fixa de pedra, que dava acesso ao telhado. Esta descrição permite entender melhor o relato da cura do paralítico, em Mc 2,1-22: os quatro amigos que carregavam o paralítico, ante a impossibilidade de passar pela porta da casa, subiram pela escada externa, removeram a massa de terra e os ramos e abaixaram a maca com o paralítico até Jesus, que estava dentro da casa. 

Recompensa – No final da pregação de Jesus, Pedro pôde ouvir a sua recompensa: “... por ter deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim, dentro de pouco tempo receberás cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras”. E concluiu: “E, no futuro, a vida eterna” (Mc 10, 28-31).